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Quercus contesta fim da reciclagem de plásticos mistos

Sociedade Ponto Verde diz que sucesso da reciclagem pode levar à falência. Foto starrynight1/FlickrA Sociedade Ponto Verde, que gere a reciclagem da maior parte das embalagens em Portugal, vai deixar de reciclar alguns plásticos, alegando razões financeiras. Os ambientalistas da Quercus querem a intervenção do governo "para que tudo volte à normalidade" e sugere alternativas para melhorar as finanças da SPV sem comprometer a reciclagem.

 

São os "plásticos mistos" que estão na origem da decisão da SPV, a empresa criada pelos produtores e distribuidores de embalagens para cumprir as metas legais de reciclagem. Nos últimos anos, a SPV apelou à população para depositar os copos de iogurte, os sacos de batatas fritas ou os pacotes de manteiga no ecoponto amarelo. Agora, a SPV diz que não consegue rentabilizar a sua reciclagem, alegando que estes plásticos representam 2% do total, mas consomem 13% dos recursos da empresa.

A decisão da SPV apanhou de surpresa as empresas que tratam o lixo proveniente dos ecopontos, antecipando perdas de receitas. Mas também a Quercus reagiu a esta suspensão, dizendo que irá comprometer as metas de reciclagem. "Agora que as pessoas estão a aderir em massa à reciclagem corre-se o risco de deitar por terra todo este trabalho de sensibilização", diz esta associação.

"A suspensão da reciclagem de plásticos mistos que constituem cerca de 15% dos plásticos já separados pelos portugueses vai comprometer seriamente o cumprimento das metas de reciclagem de plástico, pelo que se exige uma rápida intervenção do Ministério do Ambiente para que tudo volte à normalidade", diz o comunicado da organização ambientalista.

A Quercus diz que os problemas financeiros invocados pela SPV podem ser facilmente resolvidos, renegociando os custos deste tipo de reciclagem - "só neste sector há possibilidade da SPV reduzir os custos entre 100 a 150 euros por tonelada de plástico" -, bem como os custos da recolha selectiva e triagem, chamando a intervir o Instituto Regulador de Águas e Resíduos. A Quercus quer também que haja "melhor fiscalização das muitas empresas que colocam embalagens no mercado e não pagam os custos de gestão desses resíduos".

Por outro lado, os ecologistas duvidam dos números apresentados por SPV e governo, quando calculam que as embalagens de plástico são apenas 3% dos resíduos urbanos. "A realidade é que esse número varia entre 8% e 10%, o que significa que há muito mais plástico para reciclar do que é apresentado nos números oficiais", diz a Quercus.

 
 

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