Há pelo menos quatro universidades públicas que não têm capacidade para pagar a salários e despesas correntes até ao final deste ano, situação que se pode generalizar a todas as universidades em 2008. A denúncia foi feita ontem no parlamento pelo presidente do Conselho de Reitores. Seabra Santos acusa o Primeiro Ministro de não cumprir promessas e avisa que nem o orçamento da ciência poderá acudir as universidades, já que a maior parte das unidades de investigação científica contempladas pelo investimento público são de natureza privada.
Esta é a segunda vez numa semana que o Governo é atacado por Reitores, depois das declarações de António Nóvoa denunciando a falta de investimento nas universidades portuguesas.
Numa audição na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, Seabra Santos afirmou que a transferência de verbas para as universidades tem vindo a diminuir de ano para ano de uma forma "assustadora", estando mesmo em causa o pagamento de salários e despesas correntes em 4 universidades até ao final deste ano:
"Há pelo menos quatro universidades públicas, provavelmente cinco, que neste momento não têm garantia de pagar a totalidade das despesas de funcionamento, sem contratar ninguém, sem nenhum desvario e loucura, antes pelo contrário, com gestões rigorosíssimas, que não terão capacidade de pagar as suas despesas até ao final do ano", alerta.
O Presidente do CRUP antevê a generalizaçãod esta situação em 2008. «Em 2008 todas as universidades públicas vão chegar ao ponto em que estão algumas em 2007». E acusa o Primeiro-ministro de não cumprir a promessa de não baixar o investimento nas universidades em 2008.
Sobre eventuais compensações que as universidades possam ter nos seus orçamentos com o aumento de investimento do Estado nas áreas da ciência e da investigação, Seabra Santos diz que isso não se verifica, uma vez que a maior parte das unidades de investigação científica contempladas pelo investimento público são de natureza privada.
«Às Universidades não chega dinheiro aplicado na investigação científica, porque não estão criados mecanismos que o permitam», explicou o presidente do CRUP.
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