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Promiscuidade entre política e negócios na luta pelo poder nos bancos

Lugares nos bancos agitam fim de ano do Bloco Central

A guerra de palavras sobre os nomes a colocar na liderança dos dois maiores bancos portugueses marcou a política deste Natal e mostrou que o "bloco central" continua bem activo. A saída do socialista Santos Ferreira da Caixa Geral de Depósitos para o BCP, acompanhado pelo ex-ministro Armando Vara, indignou o PSD, que quer um dos seus homens à frente da Caixa. Ou, em alternativa, no lugar de Constâncio no Banco de Portugal. Entretanto, a CMVM  vai avançar com os processos aos administradores do BCP.

A investigação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) já tem consequências: a imprensa desta manhã indica que a CMVM vai avançar com os processos de contra-ordenação aos administradores do BCP. Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, Christopher de Beck, Alípio Dias e Castro Henriques são os nomes apontados pelo diário "Público" como os que reunirão as principais responsabilidades pelos crimes em investigação, que envolvem a prestação de declarações falsas sobre a existência de sociedades off-shore como testas-de-ferro financiadas pelo banco para comprar acções do próprio BCP. As multas podem ir até aos 2,5 milhões de euros para os gestores envolvidos.

Depois de Luís Filipe Menezes ter vindo defender o nome de Miguel Cadilhe para a frente da CGD, dizendo que estava na altura de alguém da sua área política assumir a presidência da Caixa, a troca de palavras subiu de tom com o ministro da presidência Pedro Silva Pereira a classificar de "indecorosas" as palavras do líder da oposição, acusando Menezes de andar a "meter cunhas para os amigos do PSD". Aparentemente, o PSD terá recuado na posição inicial, e o seu nº2, Rui Gomes da Silva, diz aceitar um nome do PS para a presidência da Caixa, se o Governo deixar cair Victor Constâncio, substituindo-o por um homem de confiança do PSD. O facto de Miguel Cadilhe estar no lote de investigados pelas autoridades bancárias aos crimes no BCP terá contribuído para que o seu nome deixasse de ser ventilado por Menezes. No entanto, Santana Lopes voltou à carga no seu blogue, comparando a ida de Santos Ferreira para o BCP a um caso de "espionagem industrial"

Carvalho da Silva, líder da CGTP, condenou esta "promiscuidade" entre política e negócios e a movimentação dos quadros entre a banca pública e privada, uma situação que "só é possível devido à podridão da vida política". Quanto à agitação do PSD com esta dança de cadeiras entre os gestores do bloco central, Carvalho da Silva não foi brando nas palavras: "É uma vergonha e um escândalo. A vida pública está a ser conduzida para um pantanal muito perigoso", concluíu o sindicalista.

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