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Portugal tem 300 mil toneladas de resíduos perigosos

resíduos_perigososDesde 1950, foram depositadas em Portugal 300 mil toneladas de resíduos perigosos. Este passivo ambiental está depositado em Sines, Alcanena, Barreiro e Seixal desde a década de há quase 60 anos à espera de um destino final, segundo dados do Instituto de Resíduos, noticiados pela Lusa e pelo Diário Digital. O passivo foi gerado nas últimas décadas por empresas estatais ou outras que transferiram a responsabilidade da gestão do lixo perigoso para o Estado, mas com a adesão à Comunidade Económica Europeia, todas as empresas passaram a ser obrigadas a dar um destino aos resíduos, que é na quase totalidade exportado.
O maior passivo ambiental de lixo perigoso das indústrias portuguesas está depositado em Sines, 160 mil toneladas de lamas oleosas, das quais apenas uma pequena parte começou a ser enviada no final do ano passado para co-incineração na cimenteira da Secil, na Arrábida.
«Para tratar aquelas 160 mil toneladas depositadas em Sines as Águas de Santo André estimaram em 2004 ser necessário um investimento de 12 milhões de euros», afirmou à agência Lusa Luís Barracha do Instituto de Resíduos.
No Seixal, onde funcionou a antiga Siderurgia Nacional, está depositado o segundo maior passivo ambiental considerado perigoso ao ambiente e à saúde das pessoas, calculado pelo Instituto de Resíduos em cerca de 70 mil toneladas.
Naquela zona estão cerca de 6,2 milhões toneladas de passivo ambiental, dos quais 70 mil toneladas de resíduos perigosos, sendo necessário cerca de 60 milhões de euros para fazer a requalificação, incluindo a remoção dos pós de despoeiramento da Maia e a comparticipação da Urbindústria no projecto de aterro de resíduos industriais no Seixal.
No parque industrial do Barreiro da Quimigal estão, segundo valores do Instituto de Resíduos de 2003, cerca de mais de 52 mil toneladas de lixo perigoso, lamas provenientes de metalurgias do zinco.
«Poderá ainda haver algum remanescente de resíduos perigosos no solo que terá de ser descontaminado. Mas, em termos gerais, não há ainda um plano de actuação para este passivo detido pela Quimiparque», adiantou Luís Barracha à Lusa.
Existem vários cenários de tratamento para os resíduos perigosos do Barreiro, adiantou, todos entre os 50 milhões e os 100 milhões de euros de investimento, dependendo do tipo de tratamento.
Os resíduos perigosos depositados em Alcanena, na ordem de 50 mil toneladas, forma produzidos por cerca de 100 indústrias de tratamento de curtumes que laboraram na zona.
«Subsistem cerca de 50 mil toneladas de lamas não inertizadas e que estão numa lago, à espera de serem tratadas», adiantou.

O investimento estimado para tratar aqueles resíduos ascende a cerca de três milhões de euros.
Em Estarreja existiu durante décadas um passivo de lamas de mercúrio - calculado em 303 mil metros cúbicos - que foram inertizadas e depositadas num aterro, um projecto promovido pela ERASE - Empresa de Regeneração de Águas e Solos de Estarreja regeneração.
«Esta empresa está agora a estudar a viabilidade de limpar as ribeiras onde desaguaram os efluentes líquidos. Vão fazer um estudo de impacto ambiental», adiantou Luís Barracha.
Além destes resíduos, existem ainda mais de 70 minas uraníferas abandonadas, espalhadas por Portugal, de norte a sul, onde estão depositadas cerca de quatro milhões de toneladas de resíduos com elevados níveis de radioactividade gerados ao longo de várias décadas.
A EXMIN - Companhia de Indústria e Serviços Mineiros Ambientais, encarregue de proceder à requalificação das minas, estima serem necessários 70 milhões de euros de investimento para a requalificação das minas.
Segundo um levantamento do Instituto Geológico e Mineiro, os casos mais preocupantes localizam-se nas antigas minas da Bica, no distrito da Guarda, Quinta do Bispo, Cunha Baixa e Urgeiriça do concelho de Nelas.

 

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