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Pinochet

MORREU SEM QUE FOSSE FEITA JUSTIÇA
Pinochet 1973Apesar de ser acusado em mais de 300 processos, Pinochet morreu sem que tenha sido feita justiça. O ditador que em 11 de Setembro de 1973 mandou que prisioneiros políticos fossem apanhados e atirados de avião, nunca foi condenado. Um porta-voz da Amnistia Internacional salientou: "A morte do general Pinochet deveria ser uma chamada de atenção às autoridades do Chile e de todos os governos, recordar-lhes a importância de uma justiça rápida no que se refere a crimes de direitos humanos, algo de que Pinochet escapou".
O porta-voz da AI acrescentou: "A sua morte não deve ser o final da história. A Amnistia Internacional pede às autoridades chilenas que declarem nula a lei da amnistia e continuem com as investigações e processos de todos os outros envolvidos em milhares de casos de desaparecimentos, torturas e execuções durante o período de Pinochet". Manifestantes reclamaram justiça na morte de Pinochet A morte de Pinochet deu lugar a manifestações não só no Chile, mas um pouco por todo o mundo. Em Santiago do Chile milhares de pessoas saíram à rua, gritando "assassino" e festejando a morte do ditador. Junto ao hospital militar algumas centenas de apoiantes choraram a sua morte. Noutros países, como México e Espanha, emigrantes chilenos também festejaram a morte do ditador e lamentaram que nunca tivesse sido condenado.

Pinochet comandou em 11 de Setembro de 1973 um violento golpe de estado, apoiado pelo governo norte-americano, que derrubou o governo democrático de Salvador Allende. Durante a ditadura, segundo organizações de direitos humanos, foram assassinadas mais de 2000 pessoas pela polícia política, mais de 3500 detidos desapareceram, num total de mais de 10 mil mortos por violações de direitos humanos. Cerca de 300 mil pessoas foram vítimas de tortura.

Em 1988 foi derrotado num plebiscito quando pretendia manter-se como presidente até 1997, 55% dos chilenos votaram contra ele. Apesar disso manteve-se como chefe do exército até 1997, num período político que ficou conhecido no Chile como "democracia tutelada".

A 17 de Outubro de 1998 foi detido quando se encontrava em Londres, por mandato do juiz espanhol Baltazar Garzón sob a acusação de terrorismo, genocídio e tortura. Depois de 503 dias de detenção domiciliária em Londres, recebendo sempre o apoio de Margaret Thatcher, foi libertado por "razões médicas". De regresso ao Chile começou a ter de responder por diversos processos e esteve diversas vezes em prisão domiciliária, mas nunca foi condenado.

Em cada processo judicial era preciso conseguir o levantamento da imunidade de que Pinochet gozava por ser ex chefe de Estado e também provar de que estava em condições de saúde para responder ao processo, por isso nunca foi condenado.

De entre os processos de que foi alvo destacam-se:

- Caravana da Morte. Comitiva militar que em Outubro de 1973 percorreu o Chile à procura de opositores ao regime. Estão provadas 57 execuções e 18 desaparecimentos.

- Assassinato do general Prats. O general foi chefe do exército chileno antes de Pinochet e foi morto à bomba em 1974 em Buenos Aires na Argentina. Pinochet foi acusado de ser o autor moral do atentado.

- Contas secretas. Ver anterior notícia no portal esquerda.net

- Operação Condor. Na década de 70 Pinochet participou num plano clandestino conjunto das ditaduras do Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai e Bolívia em que as polícias políticas sequestraram e mataram opositores das 6 ditaduras.

- Operação Colombo. Entre 1974 e 1975 a DINA (polícia política chilena) assassinou 119 membros do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária), opositores da ditadura, e o regime disse que tinham sido mortos em confrontos entre grupos rivais.

- Villa Grimaldi. Um dos mais importantes centros secretos de detenção da ditadura onde foram torturadas centenas de pessoas entre 1974 e 1977.

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