Os riscos da "renascença nuclear"

05 de July 2007 - 19:07
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Torre de esfriamentoO relatório feito por dois cientistas do Oxford Research Group sobre o futuro da energia nuclear mostra claramente que os riscos desta energia não podem ser controlados. Uma nova viragem para a energia nuclear, a chamada "renascença nuclear" está para além da capacidade de produção da indústria nuclear e para além da capacidade de controlo da Agência Internacional para a Energia Atómica (AIEA) sobre a energia nuclear civil.

Mesmo um ataque terrorista falhado sobre uma das novas centrais causaria provavelmente a paragem da construção de outras centrais noutros países. Se isto acontecesse, os autores defendem que haveria de novo a necessidade de rever a política energética destes países, o que levaria a mais atrasos no estudo de alternativas sustentáveis. Isto pode causar um atraso irremediável na luta contra as alterações climáticas causadas pela poluição.

"Nos anos 70 dizíamos que, se a resposta era a energia nuclear, então a pergunta era bem parva. E, no entanto, a aceitação da energia nuclear está a aumentar os problemas inerentes a este tipo de energia parecem ter sido esquecidos", dizem Frank Barnaby e James Kemp, e os perigos associados à segurança dos países são ignorados.

A procura mundial será duas vezes maior em 2030 do que é agora. A menos que sejam feitas grandes mudanças nas políticas mundiais e regionais no campo da energia, prevê-se que mais de 60% desta procura será satisfeita pelo carvão, petróleo e gás natural, com graves consequências para a emissão global de CO2. As emissões de CO2 deviam baixar 60% de 2000 a 2050 para reduzir o risco do aumento de temperatura global de 2º C, e é neste contexto que a energia nuclear se apresenta como solução. O Reino Unido, por exemplo, está a considerar construir 8 novos reactores.

Calculadas as necessidades de energia para o próximo meio século e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, os autores deste estudo fazem as contas e concluem: "serão precisos entre 2000 e 2500 reactores, à escala global. Se pensarmos em 2250 novos reactores, então entre hoje e 2075 quase três novos reactores por mês teriam de começar a alimentar as redes eléctricas." E se se contarem os reactores antigos que vão precisar de substituição, são quatro reactores a serem construídos por mês.

Os partidários da renascença nuclear dizem que não há problemas de segurança das centrais porque os 8 países que as possuem estão controlados pela AIEA. Isto pode ser verdade, mas continuará a sê-lo nos próximos 20 ou 30 anos? Um uso significativo de reactores de terceira e quarta geração trará consigo o risco muito real de grupos de terrorismo nuclear, que adquiram plutónio, possam fabricar armas nucleares primitivas e as usem em ataques terroristas.

Este documento trata ainda das propostas de novos organismos de segurança nuclear, como a Parceria Global de Energia Nuclear sugerida pela Administração Bush.

Aceda ao relatório completo Too hot to handle? The future of civil nuclear power em pdf