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Ocupantes do Rivoli acusados pelo Ministério Público

rivoluoQuinze pessoas foram acusadas de "entrada em local vedado ao público" pelo Ministério Público (MP) do Porto, na sequência do protesto de Outubro passado contra a atribuição pela Câmara Municipal do Porto (CMP) da gestão e programação do Teatro Rivoli. Algumas dezenas de pessoas, maioritariamente ligadas à dinamização das formas de expressão cultural da cidade, resolveram "prolongar" a peça de teatro "Curto-Circuito" que estava em exibição no Rivoli, mantendo-se no interior do edifício até serem retirados pela PSP três dias depois.

Já na altura os artistas ocupantes desconfiavam que o plano de Rui Rio era entregar às produções de Filipe La Féria o único espaço público da cidade aberto à iniciativa dos grupos de teatro fora do circuito comercial. O tempo deu-lhes razão, mas também esse processo tem conhecido avanços e recuos.

“Sempre pensei que a queixa fosse arquivada, até porque a ocupação foi apenas o prolongamento de um acto teatral”, disse à agência LUSA o director do Teatro Plástico e um dos agora acusados pelo MP. A ocupação durou três dias e terminou com a retirada dos quinze ocupantes pela PSP de madrugada, numa altura em que a CMP já tinha decidido cortar a electricidade e a água ao edifício, bem como fechar a única entrada por onde o grupo de solidários com o protesto fazia passar alimentos para os ocupantes. A acção conseguiu colocar no debate da opinião pública o definhamento das políticas culturais no Porto nos últimos anos, para além do papel que deve ter um teatro municipal.

Como se previa, a gestão foi entregue a Filipe La Féria por um período de quatro anos, numa operação contestada quer pela oposição, quer pelos grupos de teatro da cidade e pelos trabalhadores da Culturporto, a agência municipal que geria o edifício. Estes apresentaram uma acção em tribunal contra a CMP, que na sua resposta veio acrescentar ainda mais dúvidas a todo este processo. Na contra-argumentação, a CMP refere que La Féria vai ocupar o Rivoli entre Maio e Dezembro deste ano, num "regime transitório de acolhimento" com a peça "Jesus Cristo Superstar", o que contraria a decisão aprovada pela vereação de atribuir à sua produtora Bastidores um contrato de gestão para os próximos quatro anos.

No mês passado, La Féria insinuou que poderia desistir do contrato, devido aos atrasos no processo de concessão do espaço que resultam do conjunto de acções judiciais interpostas pelas companhias de teatro do Porto.

O esquerda.net deu destaque à ocupação do Rivoli com uma reportagem áudio que ainda pode ser ouvida aqui

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