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Novo suicídio na France Telecom por pressão laboral

A France Telecom foi obrigada a suspender a reestruturação laboralSão já 22 os suicídios de funcionários da France Telecom em apenas 18 meses, desde que a empresa decidiu fazer reestruturações. Na sexta-feira uma trabalhadora saltou pela janela após uma reunião em que ficou a saber que mudaria de posto de trabalho. Sindicatos e trabalhadores acusam a companhia de telefones de pressões, humilhações e atropelo de direitos.

A funcionária de 32 anos saltou da janela do quarto andar após uma reunião em que terá sido informada de mudanças no seu posto de trabalho. Acabou por falecer no hospital. Também na quarta-feira um técnico de 49 anos tentou o suicido em plena reunião de grupo, em Troyes (Centro-Este francês), espetando uma faca no abdómen ao saber que ia ser transferido para um posto de menor qualificação.

Em 18 meses são já 22 os suicídios na monopolista francesa de telefones que se tornou líder mundial nas tecnologias. "Pedimos ao principal accionista - o Estado - que intervenha para que os funcionários não sintam mais a necessidade de acabar com a vida porque não aguentam mais viver na France Telecom" disse um representante sindical à rádio RTL.

Na quinta-feira, mais de 16% dos 100 mil funcionários da empresa estiveram em greve, contra os métodos de gestão e a forma como a France Telecom está a conduzir a reestruturação.

O diário Le Monde compilou relatos na primeira pessoa de alguns trabalhadores, confirmando um clima de intensa repressão no interior da empresa:

"Eu não falo nem das reestruturações, nem da supressão de postos de trabalho, mas sim do ambiente e da gestão do dia a dia. É uma gestão pelo terror. Somos obrigados a pedir autorização ao nosso chefe para ir à casa de banho. Se a pausa ultrapassa um minuto, devemos fornecer uma explicação por escrito. Os pedidos de feriado permanecem sem resposta."

"A única coisa que conta é o número de chamadas que fiz no dia e o número de vendas que consegui fazer. O stress é permanente e as mudanças de serviço frequentes, estou agora no sexto posto de trabalho diferente e nunca pedi isso! (...) A maior parte dos meus colegas estão a tomar anti-depressivos".

Perante o escândalo dos suicídios, a direcção da empresa anunciou a suspensão até 31 de Outubro das "mobilidades de pessoas afectadas pelos projectos de reorganização" para "reexaminar as condições para implementar essa medida". A France Telecom diz também que vai tomar "medidas anti-stress" e que vai recrutar 100 funcionários de recursos humanos "de proximidade" e ligados à medicina do trabalho.

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