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Miguel Portas: "Europeias serão exame ao governo"

Miguel Portas diz que Vital e Sócrates terão de discutir o país na campanha eleitoralO eurodeputado bloquista diz que por muito que não queiram falar do país, José Sócrates e Vital Moreira não terão outra hipótese na campanha das europeias. A 7 de Junho, "eles terão que ir a exame e o povo vai ser o júri desse exame", afirmou Miguel Portas no almoço dos 10 anos do Bloco em Matosinhos, onde explicou também porque concorda com as críticas de Lula aos "banqueiros louros de olhos azuis".

 

Lembrando as palavras do presidente brasileiro no final do encontro com Gordon Brown, Miguel Portas diz que Lula tem razão e deu mais exemplos de "homens louros com olhos azuis com responsabilidades: os banqueiros e especuladores e os políticos". Os primeiros porque "vampirizaram a economia" e os segundos porque "se ajoelharam diante da alta finança e fizeram governos para a alta finança", disse o candidato do Bloco às eleições europeias deste ano.

O discurso de Miguel Portas foi sobretudo marcado pelas críticas a Sócrates e Vital Moreira. "Eles não querem que nas próximas eleições europeias se discuta Portugal, querem que seja uma grande conversa de sofá sobre assuntos que não têm nada a ver com as nossas vidas. Eles gostariam, mas não vão ter essa sorte", avisa o dirigente do Bloco. "Nestas eleições não vamos andar a discutir alternâncias entre PS e PSD. Desta vez, que paguem pela crise aqueles que nunca pagaram até hoje", acrescentou.

Miguel Portas acusou o governo de contribuir para a queda do investimento público, que "começou verdadeiramente desde que José Sócrates chegou a primeiro-ministro".  "Quando José Sócrates fala em investimento público são palavras, porque os resultados, os números, estão aí para dizer que o único número de que ele tratou foi da boa vida do sistema financeiro português, com os resultados que são conhecidos no BPP e no BPN".

A caminho do segundo mandato em Bruxelas, Miguel Portas quer alargar a representação do Bloco no Parlamento Europeu e diz que "a questão que este ano nas europeias e nas legislativas está verdadeiramente em jogo" é saber se "continuam os mesmos de sempre a pagar as dificuldades, ou, por uma vez na vida, quem vai pagar as dificuldades é quem nunca o fez".

Francisco Louçã também discursou na comemoração dos 10 anos do Bloco e apontou baterias à resistência do PS em aprovar leis anti-corrupção, como a criação do crime de enriquecimento ilícito. "O Governo não quis ouvir nenhum dos magistrados que se esforça por combater a criminalidade económica e a corrupção e que diz não ter meios para combater a corrupção", afirmou Louçã, que se diz farto de tanta "incompetência".

"Quando olhamos à nossa volta só vemos casos em que a justiça tem fracassado. Estamos fartos de que não haja justiça, estamos fartos de uma justiça sem meios que não consegue decidir, estamos fartos de uma justiça lenta e cega perante a corrupção", afirmou o deputado do Bloco, lembrando a condenação do empresário da Bragaparques por tentar corromper um vereador e que terá de pagar um valor "equivalente a duas multas de trânsito". "Nisto, o PS e o seu Governo de maioria absoluta tem uma imensa responsabilidade", sublinhou Louçã.

As declarações do ministro Manuel Pinho após o pedido de insolvência da Qimonda foram muito criticadas por Louçã. "Talvez o pior sinal do que é hoje a política do Governo e a insensibilidade em relação a esta crise é que o ministro da Economia anuncia que está disposto a atirar a toalha ao chão e a limitar-se a pedir à multinacional que quer fechar na Alemanha e em Portugal a devolução de alguns dos gastos que o Estado teve com o investimento desta empresa", disse o deputado, acrescentando que "o Governo é co-responsável pelo plano de reestruturação e reconversão industrial" da Qimonda e que "o ministro da Economia que não pense que não tem que responder por estes trabalhadores". O Bloco entrgou na sexta-feira um requerimento ao presidente da Assembleia da República solicitando apresença urgente de Manuel Pinho para prestar contas sobre esse plano de reconversão.


A campanha do Bloco pela nacionalização da Galp não foi esquecida no discurso. "O Bloco exige que a empresa, que era de todos, seja devolvida a todos. Queremos que Américo Amorim devolva ao país o que é do país", sustentou, dizendo que o empresário não pode "querer continuar a enriquecer com um monopólio que era do Estado".
 

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