Miguel Portas critica indiferença do governo para com ex-trabalhadores da ENU

Miguel Portas reuniu com a comissão dos ex-trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) e criticou o governo do PS por indiferença e insensibilidade social face a estes trabalhadores, vítimas da exposição à radioactividade. O eurodeputado garantiu aos ex-trabalhadores da ENU a solidariedade do Bloco de Esquerda e o apoio às lutas que desenvolverem em defesa dos seus direitos.

Os antigos trabalhadores da ENU lutam para que todos os ex-trabalhadores da empresa sejam equiparados a trabalhadores de fundo de mina e para que sejam pagas indemnizações aos familiares dos que morreram de doenças relacionadas com a exposição à radioactividade. No passado dia 13, o PS voltou a faltar a uma promessa que tinha feito aos ex-trabalhadores da ENU e, pela segunda vez nesta legislatura, impediu a aprovação de projectos de lei que garantiam a satisfação das reivindicações dos ex-trabalhadores da ENU.

No final da reunião, Miguel Portas declarou à agência Lusa que a luta destes trabalhadores é "uma questão de direito tão óbvia, que torna absolutamente incompreensível esta indiferença da parte do Governo".

O eurodeputado acrescentou que os antigos trabalhadores da ENU não estão sós, "com eles está seguramente mais de metade da população portuguesa que já está a perceber que a maioria absoluta faz parte do problema, não faz parte de qualquer solução".

Miguel Portas disse ainda que irá pedir uma reunião à Empresa de Desenvolvimento Mineiro, por causa da requalificação ambiental das minas de urânio, considerando que " é tempo de procurar comprimir as diferentes fases do projecto e fazer avançar mais rapidamente as várias intervenções ambientais", dadas as medidas tomadas em Bruxelas " no sentido de priorizar os projectos de natureza ambiental e de agilizar a componente europeia dos fundos para que os projectos andem mais depressa".

António Minhoto, porta-voz da comissão de antigos trabalhadores da ENU, declarou à Lusa que a luta é para continuar, que no 25 de Abril vão participar em manifestação em Viseu e que vão fazer ouvir as suas reivindicações durante as eleições. Nas europeias irão fazer uma vigília junto à residência oficial do primeiro-ministro e nas europeias realizarão uma grande jornada de luta cultural de apoio à luta dos trabalhadores, "mas também para apelar ao voto contra o PS".