O presidente da Câmara de Lisboa ausentou-se do país ontem para assistir a uma exposição de motas antigas em Inglaterra, noticia hoje o jornal Público. Carmona Rodrigues foi notificado para depor como arguido na próxima quarta-feira no processo de favorecimento à Bragaparques no negócio dos terrenos da Feira Popular. Marques Mendes foi ontem confrontado no parlamento pela comunicação social, tendo-se escusado a prestar declarações. O vereador Sá Fernandes voltou a exigir eleições intercalares para acabar com a instabilidade no município e a CDU/Lisboa juntou-se esta sexta-feira aos que defendem as eleições intercalares.
A saída de Carmona para o estrangeiro afasta a hipótese de se vir a encontrar com Marques Mendes durante o fim de semana e definirem o futuro político do executivo minoritário que governa a CML. A fragilidade política da equipa, que conta já com três vereadores arguidos, aliada à doutrina de Marques Mendes que defende a suspensão do mandato sempre que uma investigação judicial cai sobre um autarca do PSD, faz antever a saída de Carmona. Dois cenários têm sido alimentados na imprensa: o de eleições intercalares ou a passagem do testemunho à vereadora Marina Ferreira, que assumiria a presidência refazendo a maioria com o CDS.
O vereador do Bloco reafirmou em conferência de imprensa que Carmona Rodrigues "não tem condições políticas para continuar a exercer o cargo". "O próprio decoro que exige a um executivo já não existe, eles próprios já não se entendem uns com os outros", afirmou. Para Sá Fernandes, as palavras de Carmona na última reunião de Câmara foram "um discurso de despedida".
Francisco Louçã também falou esta sexta-feira sobre o caso do dia, sublinhando de novo que é por razões políticas que o Bloco já defendia as eleições antes de Carmona ser arguido. "Nós mantemos a posição que tivemos desde que o PSD deixou de ter a maioria e condições de governabilidade na Câmara. Deve haver eleições intercalares. Não tomámos esta posição por causa da condição de Carmona Rodrigues. Ser ou vir a ser constituído arguido não é questão que decida a vida da Câmara», afirmou à Lusa o Coordenador da Comissão Politica do Bloco de Esquerda.
Também Jerónimo de Sousa, citado pela edição online do semanário SOL, afirmou no parlamento que as eleições podiam ser uma saída mas não a solução e que não cabia ao PCP dizer o que o PSD tinha de fazer. Mas em comunicado emitido na sexta à tarde, a CDU/Lisboa defendeu que «não há condições de cumprimento de um resto de mandato com os mínimos de eficácia», e que por causa disso «deve o PSD avançar de imediato para eleições». O secretário-geral do PCP avançou com o nome de Ruben de Carvalho como o seu candidato preferido caso haja eleições intercalares, ressalvando ser esta a sua opinião pessoal e não uma decisão tomada nos órgãos do partido.