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Marcha em Aveiro acusa: "Patrões assaltam trabalhadores e governo é cúmplice"

A Marcha andou por Aveiro, distrito muito afectado pela precariedade e pelo desempregoA prepotência dos dois homens mais ricos de Portugal, Belmiro de Azevedo e Américo Amorim, não foi esquecida na passagem da Marcha Contra a Precariedade pelo distrito de Aveiro. Francisco Louçã acusou ainda o governo de com o novo código do trabalho se colocar ao lado dos patrões no assalto organizado aos trabalhadores. Veja o vídeo deste segundo dia da Marcha no Norte.
Num distrito assolado pelo desemprego e pela precariedade, Francisco Louçã denunciou os patrões que ano após ano encerram empresas durante o mês de Setembro obrigando centenas de trabalhadores a bater com o nariz na porta no dia em que regressam das suas férias. "Os despedimentos sem justificação, as empresas que fecham portas de forma fraudulenta, os jovens qualificados que recebem 500 euros ou as mulheres que no sector da cortiça ganham menos do que os homens, constituem verdadeiros assaltos aos trabalhadores, os tais assaltos de que ninguém quer falar". E frisou a determinação do Bloco de Esquerda em defender os "trabalhadores assaltados", solidarizando-se com eles e "puxando as orelhas ao governo".

Louçã acusou Sócrates de querer os trabalhadores "caladinhos e obedientes" e de proteger os grandes patrões como Américo Amorim que dispõe de uma fortuna de 3 mil e 200 milhões de euros. "Um trabalhador que ganhe o salário médio do país necessitaria de trabalhar 500 mil anos para juntar aquela fortuna" esclareceu Louçã, sublinhando a exploração a que Amorim sujeita milhares de trabalhadores, com a cumplicidade de Sócrates, "um homem que se orgulha de levar para Angola uma comitiva de 31 empresários e de admitir que aqueles 30 personagens representam um terço da riqueza do país". "30 pessoas em 10 milhões têm um terço da riqueza", reforçou Louçã. No final da sua intervenção ficou ainda uma crítica dura aos patrões das gasolineiras que aumentam os preços dos combustíveis quando o petróleo sobe mas que são preguiçosos para fazer o contrário quando o petróleo desce.

Antes de Francisco Louçã, Moisés Ferreira, jovem dirigente do Bloco de Aveiro, havia denunciado "a burla, o saque e a pilhagem dos patrões ao generalizarem os recibos verdes e os contratos a prazo a 1,7 milhões de trabalhadores, um terço da força de trabalho portuguesa". E nomeou casos concretos do distrito de Aveiro: "a Faurécia que tem mil dos seus 2mil trabalhadores contratados através de ETTs para postos permanentes mas que mesmo assim recebe apoios do governo no valor de 10 milhões de euros; ou a Trecar, empresa também do ramo automóvel, cujos 400 do total de 800 trabalhadores têm contratos precários. E a Câmara Municipal de S.João da Madeira também não escapou às críticas de Moisés Ferreira, pois "emprega falsos recibos verdes que já lá estão há mais de 20 anos".

O comício em S.João da Madeira começou com uma divertida rábula, em que um cliente do Multibanco conversa com a respectiva caixa e comenta: "Os bancos, cada vez mais ricos, são precários, e os portugueses, cada vez mais pobres, são públicos."

O Belmiro congela-nos a vida

A centena de marchantes que percorreu este sábado o distrito de Aveiro entrou pela manhã no Centro Comercial 8ª Avenida, em S.João da Madeira, para denunciar os abusos a que estão sujeitos os trabalhadores contratados pelo segundo homem mais rico do país, Belmiro de Azevedo. "A precariedade congela-nos a vida" foi a palavra de ordem que antecedeu o momento que deixou imóveis os marchantes e suscitou a curiosidade dos transeuntes.

Após a acção, e ainda sob o olhar atento dos seguranças do Centro Comercial, o dirigente do Bloco José Soeiro elencou os abusos de Belmiro sobre os trabalhadores dos hipermercados Modelo/Continente: 30% são precários, o salário para quem atinge o topo de carreira é de 550 euros, as jornadas diárias podem chegar às 12 horas, e a perseguição aos dirigentes sindicais é uma constante.

A Marcha Contra a Precariedade inciou o seu percurso em Oliveira de Azeméis. Helena Oliveira, jovem precária dirigente do Bloco em Aveiro, deu as boas vindas aos marchantes para de imediato lembrar que o distrito em que se encontram é o mais flagelado pela precariedade e pela chantagem imposta pelas Empresas de Trabalho Temporário, que "comem" uma grande fatia do salário aos jovens trabalhadores, . E relatou a sua própria experiência: a instabilidade dos contratos mensais, "o estar doente e ter medo de falar" e a pressão diária para a competição selvagem que coloca os trabalhadores uns contra os outros.

De seguida, denunciou o aumento do período experimental de três para seis meses agora permitido pelo novo Código do Trabalho, que pode criar uma situação de eternização de um posto de trabalho a custo zero para os patrões. "É um ciclo vicioso do usa e deita fora" acusou Helena Oliveira

A Marcha Contra a Precariedade tinha passado na sexta feira pelo Porto e continua este Domingo no distrito de Braga, encerrando com um comício-festa às 16h30 na Praça Central desta cidade.

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