"O Bloco não está a discutir o passado distante de cada candidato, mas o presente em que Alberto João Jardim é o padrinho de uma imensa família de interesses, de compadrios, de negócios", acusou Francisco Louçã, ontem, num jantar de campanha em Câmara de Lobos.
Segundo o jornal Público de ontem, Jardim vai gastar na campanha mais de três milhões de euros, mais do que Cavaco gastou nas presidenciais (3,19 milhões de euros). O Público chega aquele montante somando, às contas de campanha do PSD-Madeira, os donativos oferecidos em festejos, pelos adjudicatários das obras públicas e pelos proprietários dos empreendimentos privados, inaugurados durante o período eleitoral.
O coordenador da comissão política do BE deslocou-se à Madeira para apoiar a campanha do Bloco de Esquerda às eleições legislativas regionais antecipadas de 6 de Maio.
Francisco Louçã respondeu aos insultos de A. J. Jardim, que o apelidara de "fascista": "Alberto João Jardim sabe do que está a falar, pois durante muito tempo foi director do jornal do partido único da ditadura na Madeira e, por isso, é catedrático em ditadura e fascismo". Acusou ainda o secretário-geral do PSD-Madeira, Jaime Ramos, de ter mais de 50 empresas e ser um dos maiores beneficiários dos maiores negócios na Madeira, apontando que é ele quem dirige os sectores dos cimentos, da construção civil, da publicidade, "até do Teleférico do Funchal, tendo dinheiro a rodos para fazer negócios com os dinheiros do Governo Regional".
Por fim, Francisco Louçã salientou que "há demasiado tempo, há 30 anos que Alberto João Jardim pisa as pessoas da Madeira, que a sua política de amigos prejudica as pessoas desta Região, que o compadrio atinge os madeirenses". E concluiu, apelando a todos que "não suportam a continuação deste sufoco" para que se mobilizem "em nome do povo, da autonomia, da democracia, da luta popular" para derrotar a maioria absoluta de Alberto João Jardim, nas próximas eleições regionais.
Paulo Martins, cabeça de lista do Bloco Madeira, defendeu a extensão àquela região autónoma da lei das incompatibilidades e impedimentos que abrangem os titulares de órgãos de soberania e de cargos políticos, aprovada na Assembleia da República, afirmando: "Não pode haver deputados empresários que decidem na Assembleia a seu favor".
Paulo Martins salientou também que "é preciso dar a volta nesta democracia, torná-la uma democracia e autonomia do povo, da esquerda, que coloque as pessoas em primeiro lugar". E acrescentou: "Pela primeira vez, os votos de todos os cidadãos da Madeira valem o mesmo. Agora não há listas de caciques concelhios".
A terminar, Paulo Martins afirmou: "todos os partidos têm um grupo parlamentar e a grande novidade no dia 6 de Maio será o BE passar a ter um grupo parlamentar na Assembleia Legislativa da Madeira".