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Louçã: "Importante é a ajuda humanitária, não os negócios" da cimeira UE/África

Foto de Paulete MatosFrancisco Louçã criticou este sábado a agenda da cimeira UE/África, centrada nos acordos de parceria económica em vez dos meios para combater a miséria no continente africano e deu o exemplo da GALP, que se prepara para produzir biocombustíveis em Moçambique, comprando as terras mais férteis. O coordenador do Bloco de Esquerda esteve presente na Assembleia Distrital do Porto, e falou da campanha do Bloco sobre a pobreza no distrito.

A publicação de um livro branco da pobreza no Porto será a conclusão do trabalho que os bloquistas têm desenvolvido nos últimos meses, denunciando casos concretos e ouvindo instituições que estão no terreno a trabalhar com dificuldades crescentes face à dimensão que a pobreza ganhou no distrito. João Teixeira Lopes apresentou os traços gerais da campanha e deixou críticas à falta de respostas do governo ao aumento do desemprego e dos casos de extrema pobreza no Porto.

A Assembleia Distrital juntou os aderentes para debater a situação política e fazer o balanço da actividade deste último ano e meio.
O projecto de resolução apresentado pela Comissão Coordenadora distrital foi aprovado pelas cerca de cinco dezenas de activistas presentes e compromete o BE do Porto a combater “quer em acções próprias, quer concertadas com sindicatos e movimentos sociais, as propostas de destruição do contrato social e de ainda maior flexibilização e desregulamentação da relação laboral patentes na recente reunião de Ministros do Trabalho da UE, presidida por Vieira da Silva”.

O “alargamento, eficácia e modernização dos serviços públicos”, bem como “o combate aos executivos camarários monocolores” são também questões contempladas pela resolução, que afirma ainda que o BE/Porto apresentará listas próprias nas próximas eleições autárquicas, “valorizando a inclusão de independentes, movimentos sociais e correntes de cidadania pelo desenvolvimento sustentável, integrado e participado, envolvendo as populações e combatendo todos os tipos de poderes instalados, com alternativas credíveis, inovadoras e solidárias.

Na conferência de imprensa, Francisco Louçã não deixou de lado a cimeira UE/África, criticando a postura europeia de querer forçar parcerias económicas para seu proveito, à custa da pobreza do continente africano. "É preciso respeito por África", disse o dirigente bloquista, lembrando que a GALP está a comprar as melhores terras de Moçambique, um dos três países mais pobres do mundo, para a produção de biocombustível, impedindo que o cultivo de cereal nessas terras sirva para suprir as graves carências alimentares no país. Conclui Louçã: "Tira-se da boca dos famintos para alimentar os carros da União Europeia", que até 2010 espera atingir a meta de 5,75% na utilização de biocombustívels.

Comentando a polémica em torno da presença de Mugabe, Louçã lembrou que outros dos presentes, como José Eduardo dos Santos, está no poder há mais tempo a limitar a liberdade de imprensa e de opinião. "A diferença é que está apoiado numa elite pornograficamente rica, que pode ter bons amigos em posições importantes" no xadrez político mundial.

 

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