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James Hansen quer ver Copenhaga fracassar

James Hansen foi o primeiro cientista a desenvolver uma campanha para convencer os políticos a combater as alterações climáticas. Foto World Development Movement/FlickrO cientista da NASA que foi pioneiro no alerta sobre as alterações climáticas diz que mais vale uma ausência de acordo na Cimeira do que aceitar a actual base de negociação.

 

Em entrevista ao Guardian, James Hansen olha para o debate que precedeu esta cimeira e está convencido que será melhor começar do zero. "Eu preferiria que não houvesse acordo se as pessoas o virem como o caminho certo, porque se trata do caminho do desastre", afirmou o cientista que liderou o combate às alterações climáticas desde 1989, muito antes de Al Gore se ter dedicado ao assunto.

"Toda a abordagem é tão fundamentalmente errada que é melhor reavaliar a situação. Se vamos ter uma situação tipo Quioto, as pessoas irão perder muitos anos a tentar perceber o que é que aquilo quer dizer", acrescentou Hansen, que dirige o Nasa Goddard Institute for Space Studies de Nova Iorque e é um dos principais opositores do mercado de emissões de carbono, a opção tomada pelos principais governos para conter o aumento das emissões.

As críticas de Hansen às negociações que levam à cimeira de Copenhaga estendem-se ao presidente Obama. "Não temos um líder que seja capaz de entender o que se passa e que diga o que realmente importa dizer. Em vez disso, estamos todos a tentar continuar com os negócios de sempre”. Os compromissos para a redução de emissões que estão à vista nesta cimeira são assim desprezados por Hansen.

"Isto é semelhante ao problema da escravatura enfrentado por Abraham Lincoln ou o do nazismo enfrentado por Winston Churchill", afirmou. "Neste tipo de questões não podemos fazer compromissos. Não podemos dizer que vamos reduzir a escravatura, vamos encontrar um compromisso e reduzi-la 50% ou 40%".

O pessimismo de Hansen não o leva a desistir da luta e ainda no verão passado foi preso numa manifestação contra as minas nas montanhas de West Virginia. "Pode ser que já estejamos condenados a uma futura subida de um metro (ou mais) do nível das águas, mas isso não significa que devamos desistir. Se o fizermos, podemos contar com dezenas de metros. Por isso acho contraproducente as pessoas dizerem que atingimos um ponto de não retorno e que é demasiado tarde. O que é que pensam: que vamos abandonar o planeta? Vamos querer é minimizar os danos", conclui o cientista que compara a compra e venda de emissões de carbono às indulgências papais vendidas pela igreja católica na idade média.
 

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