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Israel prepara-se para declarar cessar-fogo unilateral

Palestinianos continuam debaixo das bombas pelo menos até domingo. Foto Lusa/EPAApós três semanas de bombardeamentos israelitas sobre a faixa de Gaza que mataram mais de 1100 pessoas, Israel prepara-se para recusar a trégua negociada indirectamente com o Hamas e anunciar um cessar-fogo unilateral, mantendo por enquanto as tropas de ocupação no território palestiniano. A decisão será votada este sábado e surge depois do acordo com os EUA, que fornece apoio tecnológico e militar para detectar a passagem de armas para o interior de Gaza.

 

Depois de um porta-voz do primeiro-ministro Ehud Olmert ter avisado que a ofensiva israelita se aproximava do seu "acto final", a secretária norte-americana Condoleeza Rice e a ministra israelita Tzipi Livni assinaram um acordo para garantir apoio ao nível logístico militar e de espionagem com o objectivo de monitorizar tudo o que entra em Gaza.

O acordo deverá envolver meios da NATO e dos EUA para conseguir localizar e deter a entrada de armas para os palestinianos e é uma das condições postas por Israel para o cessar-fogo. Por outro lado, o acordo pode acelerar a abertura da fronteira de Gaza com o Egipto, reivindicada igualmente pelo Hamas.

As negociações para uma trégua negociada entre Israel e o Hamas mantiveram-se sempre em contactos separados com os mediadores egípcios. O Hamas aceitaria um trégua de um ano, que poderia então ser renovada, mas condicionada à retirada das tropas israelitas e ao levantamento do bloqueio imposto durante a anterior trégua. Mas o cenário mais provável será um cessar-fogo unilateral da parte israelita, que não comprometa Telavive com a abertura de fronteiras e o fim do bloqueio a Gaza.

Na sexta-feira, Israel executou 40 ataques aéreos sobre Gaza e o Hamas disparou 15 rockets para o outro lado da fronteira. O dia ficou marcado pelo funeral do ministro do Interior do Hamas, Said Siam, que juntou milhares de pessoas na rua em protesto contra Israel, enquanto os hospitais e centros de distribiução de ajuda humanitária tentavam recuperar os estragos causados pelos bombardeamentos da véspera.

Entretanto, uma reunião de líderes políticos árabes no Qatar foi o palco para o apelo do líder do Hamas para que os seus países cortem relações diplomáticas com Telavive. Um apelo apoiado por Irão e Síria, cujo presidente al-Assad declarou morta a iniciativa árabe de paz com Israel, lançada em 2002. Em resposta, a Mauritânia e o Qatar anunciaram o congelamento das suas relações com Israel, num encontro que teve representantes de doze países da Liga Árabe, entre os quais a Turquia, Líbano, Argélia, Síria e Irão.

Afastados deste encontro ficaram os países que defendem a negociação com Israel, como o Egipto, a Jordânia e a Arábia Saudita. Num encontro paralelo ao do Qatar, os ministros dos Estrangeiros da Liga Árabe encontraram-se no Kuwait com a reconstrução de Gaza na agenda e a constituição de um fundo no valor de dois mil milhões de dólares para pagar os estragos da guerra.

 

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