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Israel mobiliza reservistas e ameaça com ofensiva terrestre

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Depois dos ataques lançados sábado, a aviação israelita voltou Domingo a bombardear a Faixa de Gaza, causando pelo menos 65 mortos. Durante a tarde de Domingo lançou mais de 20 bombas contra túneis na fronteira entre Gaza e o Egipto, aumentando ainda mais o número de vítimas. Segundo um novo balanço dos serviços de urgência do território, já morreram perto de 300 palestinianos e outros 900 ficaram feridos. O exército israelita mobilizou milhares de reservistas e começa agora a concentrar tropas na fronteira com Gaza, num sinal de que a ofensiva terrestre poderá estar iminente. "Há uma altura para tréguas e uma altura para combater. Agora é a altura de combater", afirmou este Domingo o ministro da defesa israelita, acrescentando que a operação contra Gaza "continua e continuará o tempo que for necessário".

No segundo dia da ofensiva contra a Faixa e Gaza, o exército israelita começa a concentrar tropas na linha de fronteira , num sinal de que a componente terrestre das operações militares poderá ser desencadeada nas próximas horas. "O Executivo aprovou a mobilização de milhares de reservistas. A mobilização engloba unidades de combate e unidades da defesa passiva", indicou uma fonte oficial do governo israelita.

A verdade é que os bombardeamentos sobre Gaza não cessaram, e Domingo de manhã provocaram mais de 60 mortos, aumentando o total de vítimas mortais para perto de 290. No entanto, este número pode crescer rapidamente, até porque há pelo menos 120 feridos em estado grave. O campo de refugiados de Jabaliya, a Norte, e as localidades de Khan Younes e Rafah, a Sul, foram os alvos dos primeiros ataques deste domingo, que também atingiram uma quartel da polícia do Hamas.

Já durante a tarde a aviação israelita bombardeou cerca de 40 túneis do lado da fornteira de Gaza com o Egipto, provocando mais dois mortos e 22 feridos. Israel argumenta que os túneis serviam para transportar armas para o Hamas, mas este movimento contrapõe que os mesmos eram usados por populares para fugir ao bloqueio.

Como retaliação aos bombardeamentos, o Hamas - pela voz do seu líder do exílio, Khaled Meshaal - apelou aos palestinianos para iniciarem uma terceira Intifada contra Israel, enquanto o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, referiu-se à ofensiva israelita como um "massacre".

Entretanto, o Conselho de Segurança da ONU apelou este Domingo ao fim imediato de todas as actividades militares na Faixa de Gaza. No entanto, trata-se de uma declaração não vinculativa e demasiado vaga, já que se abstém de nomear Israel ou o Hamas. No Líbano, na Síria, no Egipto e em praticamente todas as capitais do mundo árabe,  milhares de pessoas manifestaram-se contra os ataques israelitas.

As organizações de ajuda humanitária foram as primeiras a falar de "catástrofe", com o director da Oxfam International a dizer que "Gaza já estava paralisada devido ao bloqueio israelita" e que "o ataque militar a Gaza pode destruir por completo infraestruturas essenciais como o saneamento básico, o abastecimento de água e electricidade para hospitais e habitações, com um efeito devastador sobre a população".

Na resposta a estas críticas, Ehud Barak autorizou apenas a passagem de uma caravana com medicamentos e ajuda humanitária para Gaza, mantendo no essencial o bloqueio. A decisão do Ministro da Defesa está a ser interpretada pela imprensa do país como uma forma de legitimar na cena internacional a ofensiva lançada este sábado e que promete continuar.

Recorde-se que a trégua de seis meses acordada entre o Hamas e Israel, com a mediação do Egipto, expirou no passado dia 19 de Dezembro. Israel acusa o Hamas de, desde essa data, lançar diariamente rockets contra localidades fronteiriças de Israel. Mas o Hamas argumenta que durante o período de trégua o bloqueio israelita a Gaza nunca cessou, ao mesmo tempo que Israel prossegue diariamente com a construção de colonatos em territórios palestinianos.

Segundo o chefe dos serviços de saúde de Gaza, o ataque dos últimos dois dias foi o mais sangrento que Israel protagonizou desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

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