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Irlanda: 60 anos de violações em internatos católicos

O Cardeal Sean Brady saúda a publicação, mas a Igreja Católica tudo fez para a retardarAo longo de 60 anos, mais de 2.000 crianças foram torturadas e violadas, por padres e monges, em internatos da Igreja Católica na Irlanda, concluiu a Comissão de Inquérito sobre o Abuso de Crianças. O chefe da Igreja Católica na Irlanda, Cardeal Sean Brady, disse que "lamenta profundamente o que aconteceu". O relatório denuncia o silêncio da Igreja. O Vaticano não se pronuncia.

Foi divulgado nesta Quarta feira o relatório da Comissão de Inquérito sobre o Abuso de Crianças que há nove anos investigava os abusos a crianças em instituições católicas irlandesas.

Entre 1930 e 1990, padres e monges bateram, torturaram e violaram crianças em 216 instituições católicas da Irlanda.

"Um clima de medo, criado por sanções omnipresentes, excessivas e arbitrárias, propagou-se à maior parte das instituições, nomeadamente a todas as instituições de rapazes", diz-se no relatório.

John Kelly, coordenador de uma associação de ajuda às vítimas e ele próprio antiga vítima, declarou: "Estes lugares não eram locais de acolhimento. Eram gulags".

O relatório denuncia que os abusos sexuais eram "endémicos" nas instituições de rapazes e existiam também em internatos de raparigas, apesar de não sistematicamente.

O relatório denuncia também o silêncio do Ministério da Educação, ao longo dos anos.

O chefe da Igreja Católica na Irlanda saudou a publicação do relatório, disse que era uma etapa para o estabelecimento da verdade e a garantia de que os "abusos não se reproduzirão". O jornal Guardian lembrou que a Igreja Católica tentou tudo para atrasar a publicação do relatório, nomeadamente com recursos jurídicos para garantir o anonimato dos padres acusados. O Vaticano não comenta a notícia.

O relatório é composto por 5 volumes, tem 2.600 páginas e pode ser consultado em: childabusecommission.ie

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