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Inaugurações milionárias no ministério das Obras Públicas

Estradas de Portugal cobra meio milhão de euros por cerimónia de inauguração. Foto José Goulão/FlickrA Estradas de Portugal está a cobrar 500 mil euros aos concessionários das novas auto-estradas por cada apresentação pública. O Bloco de Esquerda diz que serão os futuros utilizadores das novas concessões rodoviárias a pagar os custos agora exigidos pelo Estado às concessionárias para estas sessões de propaganda.

 

O esquema montado no ministério das Obras Públicas passa por cobrar a cada concessionária vencedora um valor fixo de 500 mil euros para organização da sessão de assinatura do contrato. Desta forma, passa a ser o ministério de Mário Lino, através da empresa Estradas de Portugal, que contrata directamente as empresas de catering, vídeo, a tenda onde tem lugar a cerimónia, a campanha de publicidade nos vários media e a alimentação dos convidados.

As empresas concessionárias a quem a obra é atribuída sempre organizaram estas cerimónias até há pouco tempo. Mas o governo quis tomar em mãos a organização destes eventos, justificando com o formato e a imagem desejada para estas cerimónias que contam sempre com a presença de José Sócrates e Mário Lino. Até hoje já foram quatro as empresas que pagaram: Brisa, Soares da Costa, Mota-Engil e Edifer.

A investigação do Jornal de Negócios aos meandros deste negócio coloca em destaque o nome de Humberto Bernardo, o ex-apresentador de televisão que actualmente colabora com o secretário de Estado Paulo Campos. É ele que comanda as negociações efectuadas normalmente nas instalações do ministério e a Estradas de Portugal não quis divulgar pormenores sobre este modelo original para apresentar as novas obras.

O diário lisboeta sabe que cada um dos vídeos mostrados em cada um dos eventos, com alguns minutos de entrevistas e antevisão das obras, custa 25 mil euros. A campanha publicitária custa mais de 300 mil euros, a tenda e o catering 60 mil euros e o site da concessão custa à volta de 50  mil euros. Tudo junto, pelas quatro adjudicações foram pagos dois milhões de euros.

Os contornos nebulosos deste negócio em que não se sabe como são escolhidos os fornecedores e a razão porque passou para a alçada do governo a organização destes eventos de promoção das obras, levaram a deputada bloquista Helena Pinto a dirigir um requerimento ao ministro Mário Lino.

O Bloco quer saber "qual é a justificação para a exigência feita pela Estradas de Portugal às concessionárias de auto-estradas, que tem como único objectivo financiar a promoção pública da imagem do Governo".
No mesmo documento, o Bloco questiona o ministro sobre se "considera adequado gastar meio milhão de euros numa cerimónia de assinatura de contratos de concessão".
 

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