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Grécia: nova greve geral da função pública
Paralisação atingiu também sectores privados. Eurostat diz que défice grego foi maior, e agência Moodys volta a baixar a qualificação da dívida grega. Governo negoceia com UE e FMI e, fala em adoptar novas medidas.
Os trabalhadores da função pública fizeram greve e manifestaram-se nesta quinta-feira na Grécia para protestar contra as medidas de austeridade e pressionar o governo, que negoceia um resgate com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.
Médicos, enfermeiras, professores, autoridades tributárias e estivadores paralisaram. Cerca de 25 mil pessoas, segundo os grevistas, e 10 mil segundo a polícia, participaram de uma manifestação em Atenas.
Esta greve coincidiu com outra convocada pelo sindicato PAME, que afecta vários sectores privados desde quarta. O transporte marítimo de Atenas rumo às ilhas do Mar Egeu está interrompido desde quarta-feira em função da greve dos trabalhadores portuários. Funcionários dos hospitais públicos em Atenas e no Pireu atenderam somente casos de emergência no segundo dia de greve dos médicos por causa dos cortes de pagamentos extras.
"Estas medidas sanguinárias não vão ajudar a Grécia a sair da crise. Começa um trágico período", disse à agência EFE Ilias Iliopoulos, secretário-geral do sindicato do sector público Adedy, que representa meio milhão de trabalhadores.
"Não vamos tolerar mais medidas, porque não conseguimos pagar as nossas contas. Eu tenho uma hipoteca, dois filhos, cortei todo o luxo", disse à EFE a funcionária pública Pavlina Parteniou, de 38 anos. "Por que não pegam os que roubaram o dinheiro? É o meu salário ou a reforma de 300 euros da minha mãe que vai salvar o país?"
Défice foi maior
Entretanto, o Eurostat anunciou uma revisão de quase um ponto percentual para cima do défice grego em 2009, que afinal foi de 13,6%, e não de 12,7%.
A informação atingiu o mercado como um balde de água fria e o diferencial das obrigações gregas a dez anos em relação às alemãs chegou a atingir os 576 pontos, o valor máximo em 10 anos, e o preço da dívida grega chegou a 8,7%.
O anúncio de que o défice foi ainda maior do que o que fora anunciado antes foi também decisivo para um novo golpe - o rebaixamento da qualificação da dívida grega, anunciado pela agência de rating Moody's.
Apesar dos novos protestos contra os cortes salariais, o congelamento das pensões e o aumento da idade de reforma, o ministro das Finanças grego, Yorgos Papaconstantinou, não descartou mais cortes para os próximos 2 anos.
"O nosso dever histórico é assumir todas as decisões necessárias para evitar o pior para os cidadãos", disse.
The Economist: Portugal é diferente da Grécia, mas...
A revista britânica The Economist afirmou que Portugal é sem dúvida diferente da Grécia, mas se os mercados decidirem testar estas diferenças, as fragilidades crónicas da economia portuguesa podem prejudicar o país. A revista diz que os mercados podem utilizar estas fragilidades crónicas - que, na sua opinião são o baixo crescimento, uma perda drástica de competitividade e um alto endividamento público e privado - para aumentar os juros da dívida.
Nesta quinta-feira, Portugal voltou a sentir o contágio da crise grega, com os investidores a exigirem pagamento de juros mais altos para os títulos da dívida a dez anos - subiram de 4,77% para 4,9% e o diferencial com a dívida alemã subiu para os 184 pontos básicos, ainda assim, muito abaixo da Grécia (8,74% para os títulos da dívida a dez anos e 576 pontos de diferencial).