O Governo, pela voz do Ministro da Presidência, considera que a polémica gerada em torno das declarações de Mário Lino sobre a Margem Sul do Tejo é meramente "artificial", argumentando que o Ministro das Obras Públicas, quando utilizou a expressão "deserto", se referia apenas à área onde o aeroporto seria implantado se ficasse na Margem Sul. Seguindo este raciocínio, ficou apenas por esclarecer se a zona específica da Ota onde se prevê a instalação do novo aeroporto, é ou não uma zona de grande concentração populacional, com muitos hospitais, hotéis e serviços.
O Ministro da Presidência considera "artificial" a polémica sobre as declarações de Mário Lino relativamente à Margem Sul do Tejo. "Ninguém com boa-fé pode considerar que o ministro das Obras Públicas se referia a toda a Margem Sul, como se a sul do Tejo ninguém morasse", frisou.
"Pelo contrário, o ministro das Obras Públicas considerou um erro construir um aeroporto na Margem Sul e onde existe menor concentração populacional - ora, isso é um dado de facto. As zonas de Rio Frio, Poceirão e Faias têm menor concentração populacional do que na área norte do Tejo", justificou ainda Pedro Silva Pereira.
Já hoje de manhã, Mário Lino tinha avançado com uma explicação para o sucedido, frisando que quando utilizou a expressão "deserto" estava a referir-se a Rio Frio, Poceirão e Faias, localizações alternativas do novo aeroporto que, a seu ver, são "vagamente povoadas".
"Toda a gente percebeu o que eu quis dizer. O deserto era a zona de implantação do aeroporto, não me estava a referir ao Norte do Alentejo na sua generalidade", defendeu.
Fica apenas por esclarecer qual o nível de densidade populacional e de concentração de serviços na zona da Ota, dado que a zona de implantação do aeroporto na Ota também não corresponde a toda a área a norte do Tejo, tal como Rio Frio, Poceirão e Faias não podem ser, no raciocínio de Mário Lino, comparados com toda a Margem Sul.
Ontem, num almoço entre economistas sob o tema do novo aeroporto de Lisboa, o Ministro das Obras Públicas afastou a hipótese de construção na Margem Sul do Tejo, comparando as localizações alternativas nesta região - Poceirão, Rio Frio e Faias - a um "deserto". E acrescentou que "seria "um projecto megalómano e faraónico", que não teria a aprovação de Bruxelas", além de que não há gente, não há hospitais, não há escolas, não há hotéis, não há comércio, pelo que seria preciso levar para lá milhões de pessoas", em síntese, seria como construir uma nova "Brasília".