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Falhanço total na reconstrução do Iraque, diz relatório secreto

Os EUA manipularam relatórios sobre os progressos económicos e sociais no IraqueProjectado para fazer do Iraque uma democracia próspera, o Plano de Reconstrução projectado pelos EUA nem sequer conseguiu aproximar o país dos níveis de desenvolvimento que apresentava antes da invasão em 2003, apesar dos 100 mil milhões de dólares gastos. O documento secreto a que o New York Times teve acesso revela como os dados sobre a realidade iraquiana foram constantemente manipulados.  


Com o título "Duras Lições", o relatório secreto foi elaborado pelo gabinete do Inspector Geral para a Reconstrução do Iraque, baseia-se em mais de 1000 entrevistas e auditorias realizadas no terreno, e será integralmente divulgado a 2 de Fevereiro.

De acordo com algumas páginas do documento a que o New York Times teve acesso, a reconstrução do Iraque foi um erro de 100 mil milhões de dólares marcado por lutas burocráticas internas e pelo desconhecimento de dados básicos sobre a sociedade iraquiana. Mais grave ainda, o Pentágono terá manipulado relatórios sucessivos sobre o progresso do país para disfarçar os erros cometidos.

Segundo o relatório, o ex-secretário de Estado Collin Powell admitiu que nos meses imediatamente posteriores à invasão, o Departamento de Defesa dos EUA inventou os números das forças de segurança iraquianas formadas pelos militares americanos: "o número chegou a subir 20 mil efectivos várias vezes na mesma semana, agora temos 80 mil, depois já eram 100 mil, e logo 120 mil", afirma Powell.

Entre as conclusões do relatório, destaca-se que cinco anos depois do maior projecto de reconstrução desde o Plano Marshall - que se seguiu à segunda guerra mundial - o Governo dos EUA ainda não tem nem as políticas, nem a capacidade técnica, nem a estrutura organizativa necessárias para levar a cabo um processo como este.

Os dados mostram ainda que nas semanas que se seguiram à invasão, sectores estratégicos como a produção de electricidade e petróleo, o acesso público a água potável, as telecomunicações e a presença de forças de segurança iraquianas cairam pelo menos 70%, e em alguns casos simplesmente desapareceram.

Cinco anos passados, à excepção da rede de telemóveis, nenhum dos outros aspectos essenciais voltou aos níveis anteriores à invasão de 2003. De acordo com o relatório, a rede de electricidade é 10% do que era na época de Saddam, a produção de petróleo é inferior, e o aceso a água potável aumentou 30%, embora a ruína em que se encontram os sistemas de canalização impossibilite saber quanto desta água chega efectivamente descontaminada a casa das pessoas.

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