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Face Oculta: PGR vai tornar público o processo

Muito está ainda por investigar na complexa rede de corrupção do processo Face OcultaO Procurador-geral da República disse sexta-feira que vai tornar público o caso Face Oculta logo que isso seja possível e que, entre outras provas, também está a investigar as transcrições das conversas entre José Sócrates e Armando Vara que estão entre as certidões extraídas. Pinto Monteiro aguarda ainda o envio de documentos solicitados ao DIAP de Aveiro.

Para Pinto Monteiro, estes documentos serão decisivos para saber se existem ilícitos e se se deve abrir ou não inquéritos e se se deve arquivar ou mandar prosseguir investigações e apurar eventuais responsáveis.

Segundo o Correio da Manhã, as cópias da investigação estão há quatro meses na posse de Pinto Monteitro que ainda não decidiu o que irá fazer a estes documentos.

Por outro lado, em declarações ao Expresso, o Procurador-geral confirmou que entre as certidões extraídas consta uma conversa entre José Sócrates e Armando Vara.

José Sócrates disse no final do debate do programa do Governo, na Assembleia da República, quando questionado sobre as notícias do jornal Sol sobre o caso Face Oculta: “O que tenho conhecimento sobre o que vem nesse jornal é que eu fiz uma chamada para o Dr. Armando Vara. Acontece que faço chamadas para os meus amigos e vou continuar a fazê-las”.

Perante a insistência dos jornalistas sobre o significado das suas conversas com o ex-ministro socialista, Sócrates respondeu: “Tenho uma relação de há muitos anos com o Dr. Armando Vara. Fiz com ele uma carreira política. Por isso, este processo é para mim triste”, disse.

Entretanto o presidente do banco BPI, Fernando Ulrich, manifestou-se hoje “muito preocupado” com o alastramento do “clima de desconfiança” gerado pelas revelações em torno do processo “Face Oculta”.

“Estou muito preocupado com este conjunto de situações que vão surgindo porque à medida que estas situações vão sendo divulgadas vai-se alargando um clima de desconfiança nas pessoas e nas instituições, o que é muito grave”, disse, à margem da cerimónia de inauguração da nova fábrica de papel do grupo Portucel-Soporcel, em Setúbal.

Fernando Ulrich considerou ainda “muito importante” que a investigação a este caso decorra “o mais rápido possível” e desafiou os visados a explicarem-se e defenderem-se publicamente.

“Se estamos num mundo em que, por força das circunstâncias, estes dados vêm a público e há quase um julgamento popular prévio, a sugestão que eu faço é que as pessoas visadas se expliquem e se defendam na praça pública porque se não o que vai alastrando é um clima de grande desconfiança nas pessoas e nas instituições”, frisou.

Para o banqueiro, a situação devia, além disso, “merecer a atenção dos principais responsáveis” nacionais.

“São cada vez mais as situações, as pessoas e as organizações abrangidas e vai-se criando um clima de desconfiança. Nós vamos começando a não saber em quem podemos confiar e acreditar e, no nosso íntimo, todos os dias vamos perdendo um bocadinho de respeito por aqueles com quem temos de lidar em funções de responsabilidade. Isso é muito grave e deve merecer a atenção dos principais responsáveis do nosso país”, disse.

A Polícia Judiciária (PJ) desencadeou no dia 28 de Outubro a operação ‘Face Oculta’ em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado o empresário Manuel José Godinho, que está em prisão preventiva, no quadro deste processo.

No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e 15 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, vice-presidente do Millennium BCP, José Penedos, presidente da Rede Eléctrica Nacional (REN), e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho.

Um administrador da Indústria de Desmilitarização da Defesa (IDD) também foi constituído arguido no processo ‘Face Oculta’, segundo o presidente da EMPORDEF, a holding das indústrias de defesa portuguesas.

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