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EUA: pobreza extrema cresceu sob Bush

homelessO número de americanos que vivem em situação de severa pobreza expandiu-se dramaticamente sob o governo de George W. Bush, com cerca de 16 milhões de pessoas vivendo agora com rendimento individual inferior a 5.000 dólares ao ano ou rendimento familiar de menos de 10 mil dólares, de acordo com um novo estudo sobre os dados oficiais do Censo de 2005.

Andrew Gumbel, do Independent

A análise, conduzida pela McClatchy, uma cadeia de jornais, demonstra que o número de pessoas que vivem no mais baixo limite de pobreza cresceu em 26% desde 2000. A pobreza em geral também se agravou, mas o número de pessoas que sofrem de pobreza no grau mais severo está a crescer 56% mais rapidamente do que o segmento geral da população que vive em pobreza, de acordo com a definição do Censo.

Esse segmento equivale a 37 milhões de pessoas - ou 10% da população dos EUA, de 300 milhões. A linha de pobreza no país equivalia, em 2006, a um rendimento de 20.000 dólares para uma família de quatro pessoas.

A ampliação da disparidade de rendimentos não é novidade nos EUA. O que é novo, porém, é a rápida ampliação no número de pessoas situadas na porção mais baixa da pirâmide socioeconômica.

"Foi o exacto oposto do que antecipávamos ao iniciar a análise", disse um dos co-autores do estudo, Steven Woolf, da Universidade Estadual da Virgínia. "Já não estamos a ver a mesma proporção de pessoas moderadamente pobres na população geral; o que temos é uma aceleração dramática da pobreza severa."

As causas do problema não representam mistério para os sociólogos e cientistas políticos. A proporção do rendimento nacional destinado aos lucros empresariais supera em muito a proporção que compõe os salários dos trabalhadores.

A classe média vem sofrendo atrito constante, com o desaparecimento de postos de trabalho dotados de benefícios e protegidos por sindicatos, e a sua substituição por empregos de baixo salário e baixa segurança no sector de serviços. Os 20% mais ricos dos domicílios americanos desfrutam agora de mais de 50% da renda nacional, enquanto os 20% mais pobres ficam com apenas 3,5%, de acordo com as estimativas.

O rendimento médio depois de impostos do 1% de norte-americanos mais ricos é 63 vezes mais alto do que o dos 20% mais pobres, tanto porque os ricos se tornaram significativamente mais ricos quanto porque os pobres empobreceram em cerca de 19%, ante a posição que detinham no final dos anos 70.

A classe média também está a sofrer uma compressão cada vez mais forte. Todos os grupos de rendimento, excepto os 20% mais ricos, perderam terreno nos últimos 30 anos. Esses números raramente são discutidos nos fóruns políticos americanos, em parte porque a economia em larga medida deixou de ser vista como uma questão política. E também porque os institutos de pesquisa direitistas que surgiram e vêm prosperando desde os anos Reagan trabalharam bem quanto a minimizar a importância dessas tendências.

Eles argumentam, na prática, que as estatísticas sobre pobreza são irrelevantes devido à alta mobilidade da sociedade americana. Entretanto, um pequeno grupo de institutos de pesquisa de esquerda, como o Economic Policy Institute, argumenta que os números do Censo são provavelmente inferiores à realidade, porque muitas pessoas que vivem em pobreza extrema não respondem aos questionários de recenseamento.

Tradução de PAULO MIGLIACCI, para a Folha de S. Paulo, adaptada pelo Esquerda.net

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