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EUA concentrados no Iémen

Sana, capital do Iémen.Antes do ataque bombista falhado no EUA, os americanos atacaram com mísseis cruzeiros o Iémen, onde a CIA está desde 2008. Agora Obama acusa a célula da Al-Qaeda no Iémen e Gordon Brown marca reunião sobre terrorismo.

Na semana antes da tentativa do ataque bombista de Abdulmatallab, num avião americano, os Estados Unidos fizeram discretamente dois ataques com mísseis de cruzeiro no Iémen. Os mísseis destinavam-se a um campo de treino da Al-Qaeda na Arábia, perto da capital Sana, o local onde se preparava um suspeito ataque iminente contra os EUA.

Barack Obama acusou pela primeira vez o braço iemenita da Al-Qaeda de ser responsável pela tentativa do atentado a 25 de Dezembro, no voo Delta 253 da Northwest Airlines que une Amesterdão e Detroit. Segundo o El País, o presidente dos EUA disse que Farouk Abdul Abdulmutallab, o homem preso no avião após o ter tentado explodir, foi treinado e equipado por aquela rede de terrorismo.

Deste modo, Obama iniciou o ano reforçando o seu discurso contra a Al-Qaeda e concentrando as atenções no Iémen, dizendo também que o governo dos EUA reforçou as relações bilaterais com as autoridades iemenitas no sentido de exercer "pressão implacável sobre extremistas" dentro de uma estratégia global para combater o terrorismo na região, pelo desmantelamento e derrota da Al Qaeda e das suas operações desde a África Oriental ao Sudeste Asiático.

O Iémen torna-se assim, publicamente, num dos alvos principais na “luta contra o terrorismo” dos EUA e os seus aliados e prova disso é a reunião marcada por Gordon Brown, primeiro-ministro britânico, convidando dirigentes internacionais “para uma reunião de alto nível destinada a discutir a melhor forma de lutar contra a radicalização no Iémen”, a realizar a 28 de Janeiro, em Londres, conforme anunciou Downing Street num comunicado.

Mas segundo o The New York Times (NYT), os Estados Unidos forneceram munições, inteligência e outros apoios ao governo do Iémen para a realização dos ataques aéreos realizados na semana anterior à do Natal, contra suspeitos esconderijos da Al-Qaeda, dentro das suas fronteiras. Os funcionários ligados às operações que divulgaram estas notícias, disseram que o apoio americano foi aprovado directamente pelo presidente Obama e veio a pedido do governo iemenita, no sentido de ajudar este país a prevenir possíveis ataques contra os EUA ou outros países. No entanto, os funcionários recusaram-se a dizer se os alvos foram embaixadas, empresas, escolas ou outros locais.

As autoridades do Iémen disseram que as suas forças de segurança mataram pelo menos 34 alegados terroristas, neste ataque organizado com a ajuda dos EUA. Mas a ABC News fala em 120 mortes, segundo a informação de um oficial da Embaixada do Iémen em Washington e os líderes da oposição no Iémen dizem que estes números incluem civis inocentes.

Os Estados Unidos abriram discretamente uma terceira frente na guerra contra o terrorismo pois há um ano que agentes especiais da CIA, os serviços de informações externos norte-americanos, estão a treinar as forças do Iémen. O Pentágono vai gastar 70 milhões de dólares nos próximos 18 meses e as forças especiais vão treinar e equipar o Exército, as forças do Ministério do Interior e guarda costeira iemenitas.

Três dias antes do fim do ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Iémen, Abu Bakr al-Qirbi, admitiu que o país serve de base a centenas de militantes da Al-Qaeda, afirmando que para a situação ser revertida é necessário um maior apoio dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Tanto a CIA como o FBI já vêm prestando este apoio ao país desde 2008, em operações encobertas. A principal missão destes agentes é treinar as forças de contraterrorismo iemenitas e equilibrar o frágil regime de Abdullah Salah, a braços com dois movimentos rebeldes (um xiita, que muitos analistas admitem ser patrocinado pelo Irão, e um independentista).

Estas notícias surgem numa altura em que várias agências humanitárias, algumas da ONU, já expressaram preocupação com a situação em que se encontram a viver alguns civis iemenitas.

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