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"A esquerda deve rejeitar o culto do poder"

João Semedo na abertura do Socialismo 2008. Foto de André BejaNa abertura do fórum de ideias Socialismo 2008, João Semedo reafirmou a necessidade de "continuar a construir um pólo à esquerda do PS que assuma a responsabilidade política de transformar a sociedade". Em seguida, Alda Macedo falou de "um mundo cada vez mais perigoso", com o aumento da pobreza, a crise alimentar e o surgimento de novos conflitos armados que mostram a face da barbárie capitalista.

No auditório da Faculdade de Psicologia do Porto, onde decorre este fim de semana o "Socialismo 2008", a dirigente bloquista Alda Sousa deu as boas-vindas aos presentes em nome da organização do evento. Seguiu-se a intervenção do deputado João Semedo, que se propôs responder aos que fazem circular a tese de que "a verdadeira oposição ao PS está dentro do PS" e que este, perdendo a maioria absoluta, teria de encontrar um Bloco de Esquerda disposto a participar num governo.

 

"Mas o que faríamos nós num governo que prometeu um referendo ao Tratado de Lisboa e rompeu a promessa? Que aprovou um Código do Trabalho que é um recuo para os trabalhadores? Que orientou a sua política no sentido de atrofiar o Estado social e os serviços públicos?", perguntou João Semedo. "Mas que mudanças poderíamos promover? Estas são as perguntas que nos devemos fazer, tendo em conta também o resultado de outras experiências no resto da Europa", acrescentou o deputado bloquista.

"Muitas vezes somos acusados de sermos anti-poder e de radicalismo doutrinário. Mas pensar que o exercício do poder nestas circunstâncias pode ser transformador só porque é poder, não é cultura de poder, é culto de poder. E isso não queremos", disse Semedo arrancando aplausos dos presentes, antes de lembrar que "em democracia sempre existiram governos minoritários".

Para Semedo, o projecto do Bloco desde a sua criação "é plural, como o prova esta iniciativa, sem ambição de ser a vanguarda ou o protagonista único deste processo para continuar a construir um pólo à esquerda do PS que assuma a responsabilidade política de transformar a sociedade".

Em seguida, Alda Macedo falou do sentimento de insegurança que percorre a sociedade e das suas raízes mais fundas no actual estado do capitalismo globalizado. "A falta de segurança nas vidas das pessoas distribui-se de forma desigual no planeta". A precariedade faz o quotidiano de cada vez mais vidas: vidas mais inseguras, mais desamparadas, mais imprevisíveis, mais sujeitas aos riscos do desemprego, da invalidez, da violência doméstica. Sim, o mundo está mais perigoso".

"Não foi por acaso que o Bloco escolheu o distrito do Porto para esta iniciativa 'Socialismo 2008'. É aqui que o desemprego atinge valores sempre acima da média nacional, é aqui que vive um terço dos beneficiários do Rendimento Social de Inserção", afirmou a deputada. "Mas também é aqui que estão as maiores fortunas do país, que a política de habitação social anda de mão dada com a especulação, que a política de emprego fomenta a precariedade".

"É de frente para esses poderosos que dizemos que é este o nosso lugar, exigindo a distribuição da riqueza, a democracia e o direito das pessoas à frente do direito dos negócios", concluiu Alda Macedo. A sessão política deu em seguida lugar à festa com um concerto de música reggae com a banda Kikongo Vibrations.

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