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A cleptocracia Saudita, por Tariq Ali

Membros da família real sauditaPublicamos hoje este interessante texto de Tariq Ali, que está disponível em inglês no seu site tariqali.org

 

 

 

Nos bolsos dos Príncipes

No dia seguinte aos ataques a Nova Yorque e a Washington em 2001, uma mulher saudita residente em Londres, membro de uma família rica, telefonou à sua irmã em Riade para discutir a crise que afectava o reino. A sua sobrinha atendeu o telefone.

Onde está a tua mãe?

Está aqui, querida tia, passo-lhe o telefone num minuto, mas é tudo o que tem a dizer-me? Não me felicita por ontem?

 

A querida tia, fora do seu país há demasiado tempo, foi apanhada de surpresa. Não devia ter sido. O fervor, que não se permitia mostrar em público, era forte até mesmo nas classes altas da sociedade saudita. As agências de informação e segurança dos EUA estavam envolvidas em rotinas de vigilância e, para sua grande surpresa, apanharam conversas entre telemóveis desprotegidos, nas quais membros da elite Saudita foram escutados, deleitando-se com as últimas de Bin Laden. Tal como a CIA, eles não tinham imaginado que fosse possível ele ir tão longe.

 

 

Washington tinha tomado como certo o seu mais antigo aliado no mundo Árabe. Nas semanas que se seguiram ao 11/9, a família real saudita foi sitiada por uma tempestade de comentários críticos na comunicação social dos EUA e nas suas subsidiárias globais. Editores, ávidos de ganhar dólares facilmente, apressaram-se a produzir alguns maus livros com títulos ainda piores - O Reino do Ódio, Dormindo com o Diabo - que tinham como móbil denunciar os sauditas. A mini-indústria teve um impacto curto e de médio alcance, e rapidamente se voltou à rotina diária. A 14 de Fevereiro 2005 houve ainda uma reencenação da reunião, que tinha tido lugar 60 anos antes, a bordo do USS Quincy, ancorado no Canal do Suez, no qual Roosevelt e Ibn Saud, o primeiro rei da Arábia Saudita, assinaram a concordata que garantiu o governo da família. O intérprete foi o Coronel William Eddy, um oficial sénior dos serviços de informação e segurança dos EUA e responsável por outras actividades similares. Considerado demasiado inseguro durante a "guerra global ao terror", o Suez foi rejeitado como potencial local de reunião para a reencenação: os netos dos dois líderes e o sobrinho de Eddy tiveram de se contentar com o Ritz de Coconut Grove na Florida. Um Cadillac gigante, pintado de dourado no deserto do Arizona, teria sido mais apropriado.

 

 

Olhando hoje para o horizonte, seríamos levados a pensar que nada mudou. Os príncipes sauditas, desacostumados a terem que exercitar as suas capacidades inventivas, continuam a distinguir-se pelo tamanho das comissões que recebem das empresas ocidentais. Aqui a competição é limitada a companheiros da realeza e a 'pedintes' nomeados. É habitualmente amigável e sempre corrupta. Dado que os negócios de armamento com o Ocidente custam biliões e não milhões, ninguém nega aos sauditas um agradecimento simbólico de 20 milhões mais ou menos. Entretanto, as empresas ocidentais de relações públicas fazem passar a mensagem do regime. Num aeroporto europeu, há alguns meses atrás, eu vi exactamente a mesma mensagem regurgitada no Guardian, no El Pais, no International Herald Tribune, no Le Monde, no La Repubblica: o essencial era que os terroristas estavam a entregar as suas armas, renunciando ao seu passado e tendo sucesso nas escolas de reeducação.

 

 

O Departamento de Justiça dos EUA está actualmente a investigar alegações de que o veterano responsável de negócios saudita, o Príncipe Bandar, reclamou a sua parte dos $86 biliões do negócio com a BAE Systems, uma comissão aprovada por Tony Blair e o seu Procurador Geral. Poucos acreditam que a investigação produzirá efeitos, uma vez que as empresas americanas e europeias fazem negócios similares frequentemente. Os mandarins nos Ministério da Defesa e no Whitehall recusam ser incomodados por esse barulho, e o amável Bandar (o nome significa 'macaco' na maioria das línguas asiáticas) continua a afirmar que não fez nada de errado, uma vez que se trata de uma prática comum e normalmente o dinheiro é depositado no Tesouro do Estado em Riade. Isto é verdade, no entanto o Tesouro do Estado sempre foi um fundo para a família real e a linha de separação entre a riqueza particular e os rendimentos estatais nunca foi firmemente traçada. De qualquer modo Bandar podia ter reclamado, muito acertadamente, que o dinheiro iria regressar ao Ocidente pelo comércio de bens de luxo (para não mencionar as acompanhantes e as cortesãs) ou através dos vários casinos, que se dispersam pelo Mayfair e pelo Mónaco, e nas gorjetas pagas às empregadas (superiores às taxas pagas pela LRB).

 

 

O lado sórdido da vida principesca - existirá outro lado? - foi objecto dos poderosos vídeos samizdat pré 11/9 de Bin Laden, que continuam a circular no reino, encorajando muitos jovens a ver o país através dos seus olhos e a partilhar a sua repugnância relativa a esta família governante. A solução para eles encontra-se apenas na jihad. O relato mais destemido da sociedade saudita nos últimos anos é o quinteto de novelas 'Cidades de Salt' de Abd al-Rahman Munif, tal como outras mercadorias de contrabando circulou clandestinamente na Arábia Saudita, houve relatos de risos emanados dos palácios e as princesas reconheceram os retratos dos seus esposos. Munif relata a separação das antigas sociedades do deserto, que começou com a chegada dos prospectores de petróleo ocidentais, a resultante deformação da sociedade peninsular, o nascimento do despotismo e a resistência ao mesmo. Retrata o mundo que ele conheceu: comerciantes, pastores, Sheiks novos-ricos e aventureiros de outras paragens do mundo árabe chegando para oferecer os seus serviços profissionais. As sátiras selvagens e surreais de Munif sobre a, subitamente rica, família real levou à revogação da nacionalidade saudita e ao seu exílio, primeiro em Bagdad e depois em Damasco. Quando morreu em 2004, a sua viúva rejeitou as honras póstumas (incluindo muito dinheiro) oferecidas por Riade e desafiou a tradição ao não permitir que o embaixador na Síria apresentasse as condolências em pessoa.

 

 

Trabalhos académicos críticos sobre a cleptocracia saudita são contudo raros. Muitos departamentos de Estudos Árabes em campus anglo-americanos recebem generosos contributos dos sauditas e de outros estados do Golfo. Conferências sobre a região são frequentemente patrocinadas pela mesma fonte. O dinheiro chega sem fanfarra e sem estar dependente de condicionantes explícitas, mas os destinatários já estão bem treinados. Eis porque o Reino da América surge como uma agradável surpresa. Robert Vitalis, professor de ciência política na Universidade da Pensilvânia, escreveu um livro escolar e de fácil leitura sobre a interacção entre a sociedade saudita e a Aramco uma empresa gigante americana do petróleo, que nasceu quando o governo saudita concedeu a sua primeira concessão à Standard Oil da Cafifórnia em 1933. Combinando história com antropologia política, Vitalis detém-se nas origens e menos nos aspectos picantes da primeira fase das relações Saudita-EUA, quando a produção do petróleo era acompanhada pela construção de mitos que petrificaram a presença americana. Em 1995, Aramco patrocinou a Ilha de Alá, um documentário sobre a Arábia Saudita. Foi um desastre de bilheteira. Um escritor americano, Wallace Stegner (que mais tarde fundou o programa de escrita criativa de Stanford), foi contratado para escrever uma história da Aramco, para compensar o falhanço daquele filme. Descoberta! A busca do Petróleo Árabe foi escrito num mês, mas esteve numa prateleira dos executivos da Aramco durante doze anos até ter sido finalmente publicado. Não era suficientemente não crítico: as humildes observações de Stegner sobre o racismo no seio da companhia foram mal digeridas.

 

 

O Reino da América levou dez anos a pesquisar e a escrever e Vitalis gostou de o fazer. Ele vê a Aramco como um microcosmos da ordem colonial no país e no estrangeiro. O seu objectivo é destruir os mitos fundacionais da empresa - e fá-lo com estilo. A maneira como a Aramco trata a força de trabalho autóctone, argumenta ele, não foi anormal, e ele descreve como as empresas mineiras americanas nos finais do século XIX lidaram com as tribos indígenas do Arizona e do Novo México de um modo semelhante. Os campos de trabalho montados na Arábia Saudita foram uma réplica daquilo que foi tentado em Maracaibo, na Venezuela, depois da descoberta de petróleo nos anos 20.

 

 

A história que ele conta, da luta dos trabalhadores da Aramco contra o 'salário racial', não tinha ainda sido contada com este detalhe: greves a partir de baixo, violentas confrontações a nível da gerência, discriminação flagrante contra os trabalhadores e gerentes sauditas e tácticas de 'dividir para reinar' por parte por parte da Aramco. Aqui não havia 'brancos honorários' (como os Japoneses foram rotulados pelos Africanders). Patrões e engenheiros eram exclusivamente americanos brancos, muitos do Texas, maioritariamente imbuídos de preconceitos herdados da época da escravatura, da Guerra Civil e da institucionalização do apartheid, que se seguiram a um breve florescer da igualdade formal durante a Reconstrução. Vitalis menciona a prevalência dos militantes do Ku Klux Klan na indústria (vale a pena lembrar que em 1925 o Klan tinha quatro milhões de membros, constituindo o maior movimento político organizado na história dos EUA).

Em 1944, a Aramco importou 1700 trabalhadores italianos da Eritreia numa tentativa para pôr fim aos perturbadores. Serem obrigados a partilhar os alojamentos com árabes, paquistaneses e sudaneses, em vez de ficar com os americanos brancos, enfureceu os Italianos, mas os seus protestos não deram em nada; eles abandonaram o campo ou foram despedidos, sendo rapidamente substituídos por não-Europeus. Um dos símbolos da trivialidade dos privilégios era o cinema da empresa Aramco: a entrada era permitida aos palestinianos e aos paquistaneses com formação, mas negada aos sauditas. Isto levou a uma escala do confronto a 14 de Junho de 1956: os trabalhadores sauditas revoltaram-se tempestuosamente nos campos, mas foram dominados pela polícia e por guardas privados do emir local. (Os trabalhadores pedindo direitos iguais cantando 'Fora com os Paquistaneses; são Judeus e amigos de Judeus', um exemplo do que no antigamente era usado para referir como 'falsa consciência'.) Os trabalhadores foram brutalizados; 100 deles, incluindo um rapaz de 13 anos de idade, foram escolhidos para fustigação pública, levando, cada um, 100 chibatadas.

 

 

Líderes tribais globais e a realeza colaboraram avidamente, durante os primeiros anos, tornando-se mais críticos apenas depois da nacionalização do Canal do Suez em 1956, que criou um fervor anti-imperialista que varreu o Médio Oriente. Vitalis documenta tudo isto com grande detalhe. As duas personalidades sauditas que mais respeita são o antigo ministro do petróleo Abdullah Tariki e o veterano diplomata Saudita Ibn Muammar. Tariki, um astuto, especialista e incorruptível tecnocrata, que defendeu os interesses sauditas contra a gigante petrolífera desde o início. Ele defendeu a nacionalização do petróleo saudita no final dos anos 50 e foi demonizado pela Aramco. Foi sempre irritante e não apenas para eles.

 

Recusou tolerar a corrupção e em 1961 desafiou em público o poderoso príncipe da coroa Faisal. Conjuntamente com o príncipe dissidente Talal, um apoiante do nacionalismo árabe, Tariki acusou Faisal de procurar e ocupar uma comissão permanente dos japoneses, propriedade da Companhia Petrolífera Árabe (CPA). Um jornal de Beirute publicou a história.

 

Um Faisal enfurecido emitiu um desmentido e exigiu provas.

 

 

Tariki perseverou. Revelou provas que demonstravam, para além da dúvida razoável, que dois por cento dos lucros da CPA tinham sido garantidos perpetuamente ao violento cunhado Kamal Adham, que mais tarde veio a ser chefe da organização de informação e segurança e um dos directores do BCCI. O conselho de Ministros cancelou o contrato com a CPA.

 

Quatro meses depois, Faisal removeu Tariki do seu posto, substituindo-o por um advogado, Ahmed Zaki Yamani (posteriormente feito refém com outros colegas no edifício da OPEP em Viena por Carlos, o Chacal, e o seu gang), o qual se apressou imediatamente a ir informar a Aramco de que Tariki estava a ser removido do seu quadro de directores. Tariki nunca mais encontrou trabalho na indústria petrolífera e acabou exilado em Beirute. Um espião da Aramco, que o encontrou nesta altura no Cairo, relatou aos seus superiores: "Perguntei-lhe como é que ele contemplava uma mudança de regime. Ele dizia ser muito simples. Um pequeno destacamento do exército podia fazê-lo, matando o rei e Faisal. A restante família real fugiria em busca de abrigo como coelhos assustados. Então os revoltosos pediriam ajuda a Nasser."

Não aconteceu bem assim. O velho Ibn Saud estava reformado e o príncipe da coroa Faisal tinha-se tornado rei. Só depois do seu sobrinho, o príncipe Faisal ibn Musa, o ter assassinado por razões pessoais em 1975 é que Tarik e alguns outros revoltosos puderam voltar a casa. Faisal é o grande responsável pela Arábia Saudita que hoje existe, com a sua resiliência relativamente ao uso do Wahabismo para controlo social. Apesar do seu irmão e do seu pai antes dele terem tentado institucionalizar as crenças Wahabis, eles eram menos empenhados nisso. Faisal acreditava que a única maneira de derrotar Nasser e os comunistas ateus era fazer da religião o pilar central da ordem na sociedade saudita e usá-lo sem piedade contra os inimigos. Era o Islão que estava ameaçado e teria de ser defendido em todas as frentes. Isto agradou aos aliados em Washington, que eram tolerantes até com a decisão de um embargo de petróleo ao Ocidente depois da guerra de 1973, algo que nunca tinha sido tentado anteriormente. Políticos ocidentais em visita ficaram surpresos quando o rei lhes distribuiu cópias do Protocolo dos Anciães de Zion, mas o seu profundo anti-semitismo foi considerado uma excentricidade. Não existe nada, quer oficial quer não oficial, que diga que um político americano ou europeu tenha informado de que tais protocolos eram falsificações.

 

 

Até depois do petróleo saudita ter sido nacionalizado em 1980, a elite político-militar de Washington manteve a sua promessa de defender o existente regime saudita e o seu estado a qualquer preço. Porque não seria o estado saudita capaz de se defender a si próprio, perguntam algumas pessoas? Porque o clã saudita, vivendo num estado de medo permanente, era perseguido pelo espectro do nacionalismo radical, que tinha tomado o poder no Egipto em 1952 e no Iraque seis anos mais tarde. Os sauditas mantiveram o tamanho do exército nacional e da força aérea no mínimo dos mínimos. Uma vez que este ainda é o caso, o que é que acontece à vasta quantidade de armamento comprada para agradar ao Ocidente? A maioria é levada pacificamente para armazéns no deserto.

 

 

Durante uma década e meia foi o exército do Paquistão - pago pelo Tesouro Saudita - que enviou grandes contingentes para proteger a família em caso de revoluções internas. Então, depois da primeira Guerra do Golfo, os militares americanos chegaram. Ainda lá estão. As bases americanas na Arábia e no Qatar foram utilizadas para o lançamento da guerra contra o Iraque. Toda a pretensão de independência foi abandonada. A única coisa que os príncipes sauditas puderam fazer foi rogar aos EUA que não tornassem público aquilo que dificilmente era visto como um segredo de estado, apesar de virtualmente não existir cobertura televisiva dos aviões a partirem da Arábia Saudita com destino ao Iraque.

Os exércitos estrangeiros têm historicamente providenciado uma espécie de protecção; a teologia Wahabi outra. Ibn Abd al-Wahhab, literalmente um corânico nascido no século XVIII, pregou uma mensagem primitiva mas efectiva para os Árabes da península. Gozado pela própria família e pontapeado para fora da sua cidade, encontrou no fundador da dinastia Saudita um ouvinte interessado e uma concordata foi assinada e selada. O clã Saudita viria a abraçar a interpretação Wahabi do Livro, e al-Wahhab trabalharia exclusivamente com a tribo Saudita e abster-se-ia de tentar converter os rivais. Surpreendentemente, o pregador concordou, e o primeiro emirado Saudita-Wahabi durou de 1744 a 1818. Foi quando começaram a atacar outros muçulmanos e a derrubar os túmulos dos Companheiros do Profeta que o Sultão em Constantinopla instruiu o seu governador, nascido na Albânia mas que estava no Egipto, a tratar do problema. Um exército foi enviado para o Cairo afim de esmagar o emirato: foi bem sucedido, e incendiou a capital, Deriyyah, até ficar em cinzas. O Wahhabismo está hoje em dia a ser novamente utilizado, afim de manter os cidadãos sob controlo num país com uma maioria Sunita, muitos dos quais alérgicos a tal, e uma larga minoria Xiita na província leste produtora de petróleo.

 

 

Em Contestando o Estado Saudita, o historiador saudita, residente em Londres, Madawi Al-Rasheed defende que a derrota de 1818 ensinou aos Wahabis a arte da sobrevivência. Isto moldou a adopção de políticas mais pragmáticas, isto é, oportunismo político descarado. Para os lentes isto não deve ter sido fácil. Uma das mais sérias injunções de Maomé deixou pouco espaço para erros de interpretação: os infiéis tinham de ser mantidos fora da península. Os Sauditas lutaram com os Ingleses contra o Império Otomano e mais tarde aceitaram a soberania americana sem grandes preocupações. Cada volta e cada curva, consideradas necessárias para manter o poder, eram justificadas pelos clérigos seniores Wahhabis. Alcovitar para o poder tornou os clérigos ultradogmáticos noutras questões: a negação de direitos iguais para as mulheres, por exemplo, ou a recusa a "encorajar a idolatria" através da restrição do número de visitantes aos túmulos do Profeta e das suas esposas em Meca. Alguns dos túmulos foram entretanto destruídos (um foi substituído por um urinol púbico); contudo não tem havido campanhas revoltadas dos extremistas islâmicos.

 

 

A religião é a espinha dorsal da ideologia do regime e penetra em todas as esferas: nada exemplifica o encantamento da sociedade saudita como um programa de televisão local chamado Fatwa no Ar, uma actuação especial normalmente com um sábio religioso, que responde às perguntas feitas pela audiência. Uma mulher quer saber se menstruar durante três semanas é o mesmo que ser menstruada, estando assim impedida de rezar. Um homem quer saber se é permitido pedir dinheiro emprestado para permitir que a sua mãe faça a peregrinação. Uma terceira pessoa pergunta se são permitidos os saltos altos para as mulheres e...os anéis de diamantes... para os homens. A repetitividade e a regularidade destes espectáculos reduz o mundo da religião a um conjunto de rituais triviais.

 

 

Como o Wahabismo era o único discurso permitido, Al- Rasheed defende que a erupção de diferenças de interpretação e de política estatal eram inevitáveis. Um dos resultados era a al-Qaida, mas também existe feroz oposição à al-Qaida no seio do movimento Wahabi. No artigo intitulado "O lobo poderoso e a cobra enterrada", de Khalid al-Ghannami, um clérigo, que recentemente mudou os seus pontos de vista, escreve que existiam duas tendências no campo da jihad: "Um prefere matar abertamente, enquanto que o outro permanece escondido até ser seguro sair do seu buraco". Tal como na China, a internet tornou-se o local de acesos debates, onde a noção de "obediência incondicional" ao governante está sob ataque diário. Alguns até são corajosos a ponto de escrever que "o nosso principal objectivo deve ser expulsar os wahabitas da península". Alguma vez Washington permitiria tal?

 

 

Tariq Ali

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