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Chile: juiz ordena detenção da família de Pinochet
Um juiz chileno ordenou a detenção da viúva do antigo ditador chileno Augusto Pinochet e dos cinco filhos do casal, por suspeita de participação no desvio de fundos públicos para contas bancárias secretas nos EUA durante a ditadura. A viúva de Pinochet, Lucía Hiriart, de 87 anos, e o seu filho mais novo, Marco Antonio Pinochet, apresentaram um pedido de 'habeas corpus' para anular a ordem de prisão, alegando que a decisão é ilegal.
O juiz Carlos Cerda, responsável pela investigação ao esquema de corrupção e desvio de fundos, disse que "existem antecedentes abundantes" para acusar Lucia Hiriart e os filhos e "suspeitas fundadas" de que participaram no esquema montado pelo antigo presidente.
Foram ainda emitidos mandados de detenção contra vários amigos e antigos colaboradores de Pinochet, hoje oficiais militares na reforma, num total de 17 arguidos, entre os quais a antiga secretária pessoal de Pinochet, Monica Ananias, o seu porta-voz, Guillermo Gari, e o antigo advogado Gustavo Collao.
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que no seu país "ninguém está acima da lei".
O processo foi desencadeado em 2004 por uma investigação do Senado norte-americano, que permitiu descobrir cerca de uma centena de contas em nome de Pinochet, de familiares e de amigos. As contas, totalizando um montante de mais 27 milhões de dólares, foram congeladas até à conclusão das investigações.
Pinochet, chefe dos militares golpistas que derrubaram Salvador Allende em 1973, presidiu o país até 1990, assumindo depois o cargo senador vitalício e beneficiando-se de total imunidade. Viria a falecer em Dezembro de 2006 sem chegar a ser julgado em qualquer dos processos em que foi constituído arguido, a maioria pela violenta repressão desencadeada após o golpe de Estado.