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"Cavaco Silva beneficiou do BPN", diz João Semedo

João Semedo diz que a recompra de acções do BPN eram João Semedo abre o livro das conclusões do Bloco na Comissão de Inquérito ao BPN e revela como se processavam as operações de compra e recompra de acções no círculo próximo de Oliveira e Costa. Cavaco Silva e a filha foram dois dos beneficiários deste "jogo de influência" que lhes rendeu 360 mil euros de lucro.

 

Entrevistado pela revista Visão, o deputado bloquista questiona o negócio que deu 360 mil euros de lucro a Cavaco Silva e à sua filha, graças à venda das 255.018 acções em 2003. "A SLN comprou as acções muito mais caras do que as tinha vendido. E não é accionista de uma sociedade não cotada quem quer. Não se chega ao balcão dizendo "quero ser accionista"...", diz Semedo, acrescentando que o negócio feito antes da eleição para a presidência da República levanta outras dúvidas: "Que critérios foram seguidos na recompra, pelo BPN, das acções? Qual era o interesse da SLN em comprar de volta aquelas acções? Os valores praticados foram muito acima do crescimento do próprio banco"...

"Do ponto de vista político isto tem um significado: a família Cavaco Silva beneficiou com o BPN. O benefício directo que tiveram resulta de um jogo de influências, que era como funcionava aquele banco, e que acaba por envolver Cavaco Silva", explicou João Semedo àquela revista.

A informação recolhida pelo Bloco e divulgada num dossier - disponível em papel e na internet - analisa as operações de recompra de acções do banco. "A recompra era feita por um valor que garantia mais-valias muito superiores às de outras aplicações financeiras disponíveis no mercado", revela o deputado, classificando as recompras como "operações de favor para quem comprava". No caso da família Cavaco, a valorização foi de 140% em dois anos.

O deputado bloquista está convencido de que "há aqui qualquer coisa que não bate certo" e a operação com as acções de Cavaco tem "um formato semelhante à de outras que conhecemos". "O BPN tinha um modo de funcionamento que se conhece: destinava-se a distribuir dinheiro por um conjunto de negócios e personalidades, escondendo lucros e prejuízos, fazendo-os circular por 95 off-shores e pelo fictício Banco Insular", acrescentou Semedo.

O dossier do Bloco lembra que "ao longo de 10 anos, foram muitos os que beneficiaram destes favores de Oliveira e Costa, desta forma muito fácil de “fazer dinheiro”, ganhando em pouco tempo muito dinheiro, sem correr qualquer risco". "A comissão de inquérito ao BPN identificou vários destes felizes contemplados com a “generosidade” de Oliveira e Costa", sublinha ainda o texto na página 12 do dossier, que inclui fac-simile de uma troca de correspondência entre o banco e um destes accionistas, em que era garantido um lucro mínimo de 5% ao ano, líquido de impostos. 

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