Câmara de Lisboa: Indícios de crime financeiro na Gebalis

23 de February 2007 - 11:33
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Foto de Stephanie BoothMais um foco de corrupção ou simplesmente uma cortina de fumo para desviar as atenções do epicentro do terramoto que vem abalando a autarquia da capital? É aqui que divergem as opiniões sobre o relatório elaborado por elementos próximos do vereador do PSD Lipari Pinto, que já foi responsável pela empresa que gere 24 mil fogos de habitação social em Lisboa. Numa coisa todos concordam: este é mais um caso que fragiliza o executivo camarário e que deve ser investigado até ao fim.

 

Uma vez mais, os vereadores foram os últimos a saber do resultado da iniciativa de um vereador, Sérgio Lipari Pinto, que enviou o relatório de avaliação à empresa municipal Gebalis para o Tribunal de Contas e para a Inspecção Geral das Finanças antes de dar conhecimento dele aos vereadores da CML.

O relatório diz respeito à avaliação da gestão da Gebalis, entre 2001 e 2006. Segundo o Diário de Notícias, ele aponta casos de adjudicações sem concurso público, facturação com preços diferentes dos da proposta adjudicada e favorecimento de empresas. A comissão nomeada para elaborar esta avaliação está também no centro da polémica, uma vez que o vereador Lipari Pinto foi o responsável pela Gebalis até Outubro de 2005. O actual presidente, nomeado pela vereadora Maria José Nogueira Pinto, é Francisco Ribeiro, agora acusado por Lipari Pinto de ter tentado impedir o acesso desta comissão aos documentos e até às instalações da empresa. Francisco Ribeiro nega as acusações e devolve-as, acusando de "má-fé" o vereador que enquanto esteve à frente da Gebalis deu emprego a cerca de 30 militantes da secção de Benfica do PSD, que também coordena.

Perante o cenário caricato de ter uma comissão ad-hoc nomeada por um vereador a elaborar um relatório sem ouvir a administração da empresa investigada, Carmona Rodrigues teve ontem de emitir um despacho para abrir uma auditoria interna, de forma a "acautelar a audiência dos visados", diz a notícia do Correio da Manhã.

Com o caso Gebalis a concentrar as atenções do dia na reunião de Câmara, ainda não foi ontem que a estrutura do executivo ficou remodelada. Dois "lapsos" do presidente Carmona Rodrigues impediram a substituição do vereador Fontão de Carvalho: por um lado Carmona esqueceu-se de apresentar formalmente a suspensão, que tem de ser aprovada pela vereação; e por outro, o substituto de Fontão ainda não sabe se o cargo de vereador será incompatível com a função de administrador dos Serviços Sociais, uma situação que terá de ser clarificada antes da próxima reunião