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Brasil: 2º mandato de Lula

MOVIMENTOS DEVEM PROVOCAR RÁPIDA MOBILIZAÇÃO
plinioPlínio de Arruda Sampaio é um militante histórico da esquerda brasileira. Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, que abandonou para ingressar no PSOL. Foi candidato ao governo do Estado de S. Paulo nas últimas eleições. Nesta entrevista ao jornal brasileiro Brasil de Fato, ele defende que as organizações populares façam ao novo governo as exigências que não fizeram ao candidato.

Movimentos devem provocar rápida mobilização, diz Plinio

Luís Brasilino, da Redação

Plinio Arruda Sampaio, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e candidato ao Governo de São Paulo pelo Psol, qualifica como justificado o apoio que os principais movimentos sociais do país deram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições. Contudo, Plinião faz um alerta: "eles avalizaram o Lula pela segunda vez. Ou seja, há uma hora na qual o presidente terá que pagar a dívida; se não pagar, o fiador será cobrado".

 O segundo turno foi favorável para a esquerda?

Não foi porque não se conseguiu fazer o debate sobre as alternativas. A questão de uma alternativa concreta não foi colocado. Foi colocado um problema de gasto governamental e muito mal colocado. Quer dizer, houve uma comparação com o governo anterior, mas nenhuma comparação entre o que foi feito e o que é necessário fazer. Essa era a perspectiva correta para analisar o programa concreto de um governo. O desempenho de um mandato é função do que ele tinha pela frente e do que ele conseguiu realizar. Se ele compara com o governo anterior que não fez nada, essa comparação não quer dizer grande coisa.

No próximo mandato, qual é o impacto do apoio que os movimentos sociais deram ao presidente Lula no segundo turno?

Os movimentos tinham uma justificativa para apoiar. Se no plano geral não há diferença entre o Lula e o Geraldo Alckmin (candidato do PSDB à Presidência), no plano específico, lá embaixo, na hora em que o povo encosta no Estado, na sua primeira relação do povo com os agentes públicos, há uma diferença entre os dois. O Alckmin é muito mais repressivo. De modo que não há dúvida que isso justifica a posição dos movimentos. Agora, por outro lado, eles assumem uma enorme responsabilidade na medida em que avalizaram Lula pela segunda vez. Ou seja, há uma hora na qual o presidente terá que pagar a dívida; se não pagar, o fiador será cobrado.

O que os movimentos deveriam fazer para assumir essa responsabilidade?

A primeira coisa é provocar rapidamente uma mobilização para fazer ao novo governo as exigências que não fizeram ao candidato. Não fizeram, pois temiam que na disputa isso poderia favorecer o adversário. Agora não há mais esse obstáculo. Deviam se reunir e dizer: se quiser ter o nosso apoio no seu governo, precisa fazer isso, isso e isso. A lição desse primeiro mandato do Lula é que a esquerda precisaria ser mais intransigente. (Nos quatro primeiros anos) Ela transigiu um pouco e não poderia.

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