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BPN: "Relatório preliminar é desculpabilizante"

Vitor Constâncio na Comissão de Inquérito Parlamentar ao caso BPN. Foto Mário Cruz/LUSAO esboço do relatório final da Comissão de inquérito ao BPN, elaborado pela deputada do PS Sónia Sanfona, é "simpático, condescendente e desculpabilizante" com o Banco de Portugal, afirma João Semedo. O deputado do Bloco de Esquerda acusa o PS de querer fazer do texto uma "subscrição das razões invocadas pelo governo para nacionalizar o BPN".

O esboço do relatório final explicita que a Comissão de Inquérito ao BPN viu recusado o acesso a inúmeros documentos e à troca de correspondência do Banco de Portugal (BdP) com a Deloitte, a Ernest & Young, o BPN e os seus administradores. De entre os documentos recusados destacam-se a informação sobre as relações entre o BPN e empresas em offshores comunicadas ao BdP pelo BPN, as auditorias ao banco realizadas pela Deloitte e pela Mazars, a lista de créditos malparados e os relatórios de auditoria às contas do banco, entre muitos outros.

João Semedo, deputado do Bloco de Esquerda que participou na Comissão de Inquérito ao BPN, lembra o que foi público na altura: "Foi o PS que impôs a sua maioria para impedir o recurso ao Tribunal da Relação de Lisboa, limitando assim as fontes de informação".

Com efeito, as entidades envolvidas justificaram a recusa da entrega dos documentos solicitados com o sigilo profissional, na modalidade de sigilo bancário e sigilo de supervisão. A Comissão de Inquérito optou por não avançar para o Tribunal da Relação para obter os documentos, dada a oposição do PS.

Em declarações ao Esquerda.net, o deputado do Bloco de Esquerda sublinha que esta versão do relatório apresentada pelo PS não inclui as conclusões e é insuficiente. "A parte expositiva do relatório é claramente insuficiente e tem variadas lacunas. As questões políticas de fundo - a Supervisão do Banco de Portugal, a decisão de nacionalização do banco, e as raízes político-partidárias do grupo SLN/BPN, não estão plasmadas no documento preliminar", acrescenta Semedo, que conclui: "O PS quer pôr o relatório a subscrever as razões invocadas pelo governo para nacionalizar o BPN, escamotenado outras soluções alternativas que a Comissão considerou".

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