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Bloco quer ser "oposição de clareza" ao governo

Louçã recusa coligações com o governo PS. Foto Paulete MatosÀ saída da reunião com José Sócrates, a delegação bloquista reafirmou o critério com que avaliará as propostas no parlamento: o de "saber se dá um contributo para melhorar a vida dos desempregados e dos mais pobres”.

 

Francisco Louçã falou aos jornalistas à saída do encontro, transmitindo-lhes o que já havia dito durante os meses da campanha eleitoral. "Não há condições para qualquer forma de coligação” com José Sócrates, "pelas diferenças óbvias em relação às grandes escolhas que o Governo e o PS têm feito ao longo do tempo", optando antes por respeitar o mandato que recebeu dos eleitores "para a constituição de uma esquerda de alternativa e para trazer ao Parlamento propostas que enfrentem o núcleo decisivo da crise económica e seus efeitos sociais".

“Queremos soluções para uma Segurança Social financiada publicamente e que permita responder à pobreza e à desigualdade; soluções para o emprego e combate à precariedade; e soluções para as questões económicas e sociais, que são o problema decisivo de um país que está recessão e em crise há tanto tempo”, disse o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda.

Quanto a acordos pontuais na Assembleia da República, Louçã referiu que o Bloco vai apreciar com o mesmo critério “cada medida, cada proposta e cada solução de qualquer partido e, naturalmente, do Governo". “Eu cumpro um mandato, que é o mandato da Convenção do Bloco de Esquerda, de uma orientação que triunfou nestas eleições”, acrescentou Francisco Louçã ao ser questionado sobre a possibilidade do Bloco rever as suas posições quanto à participação em executivos do PS no governo ou nas autarquias.

"O Bloco duplicou o seu Grupo Parlamentar, representou uma oposição de clareza e uma esquerda de confiança, de propostas e de programa”, disse o coordenador da Comissão Política bloquista. Quanto ao debate interno, Louçã lembrou que o Bloco "é um partido com muitas opiniões e assim será sempre. Apreciamos essas opiniões e elas são essenciais à nossa respiração". “A escolha da nossa intervenção futura é feita por todos os activistas do Bloco de Esquerda. Todos têm a sua palavra, todos têm o seu direito e assim acolhemos todas as opiniões”, concluiu Louçã.

Questionado sobre uma convergência da esquerda para a aprovação de um projecto de lei que permita os casamentos entre duas pessoas do mesmo sexo, Louçã começou por dizer que essa é uma questão que "já podia estar resolvida" se a proposta do Bloco na legislatura passada não tivesse sido inviabilizada pela maioria absoluta do PS. “Naturalmente, o Bloco de Esquerda contribuirá para uma maioria de respeito por todas essas decisões dessas pessoas”, referiu Louçã.

“Há muita gente que não concorda com o casamento gay, mas a essas pessoas quero dizer que se trata exclusivamente de respeitar a decisão de outros que querem escolher com quer querem ser casados e têm todo o direito de o fazer. O que vamos decidir não é se gostamos ou não das escolhas dos outros, mas muito simplesmente se temos a dignidade de respeitar as escolhas dos outros”, afirmou o deputado bloquista após a reunião com primeiro-ministro indigitado.
 

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