Francisco Louçã apresentou, nesta segunda-feira em conferência de imprensa, um programa de 3 medidas urgentes para as famílias endividadas e acusou o governo de nada fazer para responder ao sobre-endividamento.
As três medidas são:
- Renegociação das dívidas bancárias das famílias afectadas pelo desemprego;
- Estabelecer entre o Estado e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) a redução em 1% dos juros para a compra de habitação social, extensível a todos os contratos creditícios já em vigor;
- Melhorar a acção social, isentando de propinas e actualizando a bolsa, dos estudantes de famílias afectadas pelo desemprego, para um mínimo de 150 euros, em vez dos cerca de 50 euros actuais.
F. Louçã sublinhou que "cada uma destas medidas é extremamente responsável e representam, no total, um custo de 12 milhões de euros por ano", considerando que negar ajuda a esta "emergência social" revelaria uma enorme "insensatez e insensibilidade".
Na conferência de imprensa, o coordenador da comissão política do BE salientou que o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, lançou "um seriíssimo aviso" sobre o risco de alastramento da crise financeira, o que considerou um "aviso fundamentado". Para o Bloco de Esquerda, os indicadores económicos confirmam o risco, salientando que, "nos Estados Unidos, o cenário de uma nova recessão é agora credível".
Segundo a agência Lusa, F. Louçã criticou: "O que é surpreendente é que o governador do Banco de Portugal não apresente nenhuma proposta concreta e o ministro das Finanças desconheça totalmente a realidade das famílias portuguesas". O BE considera ainda pior que a União Europeia vá "agravar a crise" e que neste Outono vá "voltar a subir a taxa de juro".
De acordo com os dados do BE, o endividamento das famílias portuguesas é superior a 130 por cento do seu rendimento disponível e, durante os últimos seis anos, mais de 50 mil famílias falharam os pagamentos das suas casas. Por isso, F. Louçã apresentou as "três medidas práticas", que considerou estarem "perfeitamente dentro dos limites" orçamentais do Governo para o próximo ano.
Na primeira medida, renegociação das dívidas bancárias das famílias afectadas pelo desemprego, o Bloco de Esquerda propõe que nesses casos "a CGD deve ser instruída, se houver acordo da parte endividada, para assumir imediatamente o crédito e estabelecer um juro bonificado enquanto durar a situação de desemprego".