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Bloco não quer Grupo de Operações Especiais a treinar com os BOPE

Protesto pelo assassinato duma criança de 10 anos vítima de bala perdida em tiroteio entre policiais militares e traficantes do morro do Borel. Foto Andréa Farias/FlickrO deputado Fernando Rosas dirigiu-se ao ministro da Administração Interna para obter explicações sobre a alegada presença dos GOE em treinos na favelas do Rio de Janeiro, ministrados pelos BOPE, uma força policial brasileira conhecida pelos atropelos aos direitos humanos e várias vezes denunciada pela Amnistia Internacional. Os sindicalistas da ASPP também querem explicações sobre a colaboração com uma polícia que "existe para matar".

O deputado bloquista diz que existem "centenas de relatos independentes sobre a actuação desta brutal força policial que se comporta como um “esquadrão da morte”". Uma opinião que é partilhada pelo presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP): "Que tipo de formação nos podem dar? O BOPE não existe para fazer detenções. Existe para matar, abrindo fogo de morte sobre as pessoas", afirmou Paulo Rodrigues. Para o dirigente sindical, a principal missão dos GOE "é a prevenção, existe para fazer detenções e, só em último recurso, quando a vida de um dos seus elementos ou dos cidadãos está em causa, é que recorre ao fogo". Resumindo, "O BOPE não pode ensinar nada, em termos técnicos, que o GOE já não saiba", diz Paulo Rodrigues.

A PSP reagiu em comunicado às notícias que davam conta dos treinos dos GOE com esta força policial que ficou célebre no filme "Tropa de Elite", que projectou internacionalmente a brutalidade dos métodos desta força policial. Para a polícia portuguesa, não se trata de um treino, mas de "um intercâmbio técnico-táctico" em que ninguém ensina nem aprende, mas "cada um retira as suas ilações" das acções conjuntas.

"O GOE não recebeu formação do BOPE", assegurou Magina da Silva, que já comandou as operações especiais portuguesas. Mas o presidente da ASPP diz que tem conhecimento da vinda de "elementos do departamento de formação" dos BOPE.

No requerimento do Bloco de Esquerda é citada a Amnistia Internacional. "No relatório de 2005 para a América Latina, por exemplo, é apontada a extrema violência dos BOPE, em especial no que se refere a populações socialmente excluídas, a qual resulta muitas vezes em mortes de pessoas que nada teriam que ver com uma eventual cena do crime".

"A situação é de tal forma grave e reconhecida, que por toda a América Latina várias ONGs defensoras dos Direitos Humanos levaram a cabo uma campanha contra o uso do “Caveirão” (nome pelo qual os BOPE são também conhecidos,  em virtude da utilização de uma caveira como símbolo desta força policial) nas favelas do Rio de Janeiro", diz o deputado Fernando Rosas.
 

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