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Bloco confronta governo com perdas do Estado no BPP
No fim da reunião da Mesa Nacional bloquista, Francisco Louçã pediu explicações pelos 450 milhões perdidos pelo Estado que não estão cobertos pelos activos do BPP.
O encerramento do BPP, agora decretado pelo Banco de Portugal, deixa um buraco avaliado em mais de 700 milhões de euros. Louçã criticou o arrastar da decisão por 17 meses e lembrou a posição do Bloco desde o início do processo, defendendo o encerramento do banco e a devolução aos clientes do dinheiro dos depósitos, recorrendo ao fundo de garantia bancária que na altura definia o tecto de 100 mil euros por depositante.
Mas Sócrates, Teixeira dos Santos e Victor Constâncio definiram outra estratégia, a de ajudar um banco falido no meio de operações de especulação financeira e irregularidades de todo o tipo, com centenas de clientes a queixarem-se de fraude por parte da administração. O Estado avalizou um empréstimo de alguns bancos ao BPP, no valor de 450 milhões, garantindo ao Parlamento que o valor do aval estava coberto pelos activos do banco, o que se verifica ser falso. Francisco Louçã defendeu agora que os responsáveis por esta operação ruinosa para os cofres públicos devem explicações ao país.
A reunião da direcção bloquista aprovou uma resolução sobre a intervenção política nos próximos meses, em que se empenhará no combate ao Programa de Estabilidade e Crescimento, definido como "o centro que articula as políticas económicas, financeiras, orçamentais e sociais em que se faz a convergência entre o Governo e as direitas".
O Bloco pretende continuar a divulgação do programa alternativo "15 Medidas concretas para uma economia decente", que "demonstrou que era possível e necessário cortar na despesa excedentária e fazer uma auditoria eficaz aos gastos do Estado, anular benefícios fiscais injustificados, terminar o offshore da Madeira e rever os contratos militares". Mas "é a acção social que será decisiva", diz a resolução do Bloco, enunciando as reuniões públicas já efectuadas nos sectores afectados pelo programa de privatizações do governo e apelando à participação nas manifestações do 25 de Abril e 1º de Maio. "É com a convergência de quem enfrenta a privatizações, defende os serviços públicos e uma economia para o emprego, que se pode derrotar o governo e a sua aliança com as direitas", prossegue a resolução aprovada.
Em debate esteve também a proposta para uma Convenção Extraordinária, que obteve oito votos na Mesa Nacional. A resolução aprovada defende que o apoio do Bloco à candidatura de Manuel Alegre surge na sequência da decisão da última Convenção, cumprindo "os três critérios fundamentais para definir o espaço dessa candidatura de convergência à esquerda: opor-se às privatizações e ao Código do Trabalho, e apresentar propostas socialistas contra a desigualdade".
"A candidatura de Manuel Alegre tem ainda uma responsabilidade essencial: é a única que pode enfrentar a recandidatura de Cavaco Silva que unifica a direita e tem o beneplácito de importantes sectores do PS, e que pode por isso disputar-lhe a vitória. O objectivo do Bloco de Esquerda é contribuir para essa vitória à esquerda", diz o documento aprovado este sábado.