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Blair voltaria a apoiar invasão do Iraque

Se dissesse na altura o que diz agora, Blair não teria tido apoio do parlamento para a invasão. Foto Center for American Progress/FlickrNuma entrevista à BBC, o ex-primeiro ministro britânico defendeu que o argumento das armas de destruição massiva afinal não era determinante para invadir o Iraque.

 

Semanas antes de ser ouvido num inquérito sobre a posição do governo na invasão do Iraque, Tony Blair resolveu apresentar uma nova versão para justificar a guerra. Afinal, disse o antigo primeiro ministro, mesmo que soubesse que não existiam armas de destruição masiva no Iraque "pensaria à mesma que era correcto tirar Saddam do poder". "Claro que teríamos de usar e lançar diferentes argumentos sobre a natureza da ameaça", acrescentou Blair.

É sabido que Tony Blair sempre defendeu a mudança do regime iraquiano pela força e não escondeu essa vontade junto dos Estados Unidos. O inquérito em curso recolheu informações de que onze meses antes da invasão, Blair garantira a Bush - num encontro no seu rancho do Texas - a participação das tropas britânicas na operação militar, caso as medidas aprovadas na ONU não fossem aplicadas. Este apoio incondicional manteve-se, mesmo depois do Procurador Geral Lord Goldsmith ter avisado o primeiro-ministro que "o desejo de uma mudança de regime não constitui uma base legal para uma intervenção armada".

As supostas provas de fabrico de armas de destruição massiva foram divulgadas pelo governo a partir de relatórios dos serviços secretos ingleses, e completamente desacreditadas após terem servido de argumento central para a invasão e destruição do Iraque. Blair chegou a pedir desculpas pelo "engano" no ano seguinte, mas agora vem dizer que o argumento das armas nem era necessário para envolver as tropas do seu país e que poderia ter encontrado outras razões para justificar a guerra.

Numa primeira reacção à entrevista na BBC,  Menzies Campbell, que liderava a bancada liberal-democrata na altura, disse que Blair nunca teria obtido apoio do parlamento para a guerra se tivesse explicado a situação como o fez agora. "Não tenho a mínima dúvida de que se Blair tivesse dito ao seu executivo o que disse agora, ele teria dificuldades em mantê-los. Perderia de certeza Robin Cook e provavelmente Clare Short".

Já a activista Carol Turner, do Stop the War Coalition achou as declarações de Blair "extraordinárias". "Não se trata de aplaudir a sua honestidade de agora, mas sim de condenar a sua falta de honestidade e integridade naquela altura", disse a activista que considera uma "arrogância" o ex-primeiro ministro achar que a opinião pública "que foi esmagadoramente contra a guerra quando ela começou, venha agora aceitar que está tudo bem por ele ter adaptado os argumentos conforme lhe dava jeito naquela circunstância".

 

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