You are here

Benazir Bhutto assassinada

Benazir Bhutto assassinadaA ex-primeira- ministra e dirigente da oposição paquistanesa Benazir Bhutto morreu quinta-feira num atentado-suicida perpetrado no final de um comício em Rawalpindi. O atentado foi cometido com um camião carregado de explosivos e pelo menos outras 20 pessoas morreram e 30 ficaram feridas. Poucas horas antes, um tiroteio tinha feito quatro mortos num comício de Nawaz Sharif, também ex-primeiro-ministro e dirigente da oposição.

Estes acontecimentos surgem na sequência de uma série sem precedente de atentados suicidas na história do Paquistão. Até agora, o mais sangrento tinha ocorrido durante uma manifestação em Karachi do partido de Bhutto, que assinalava o regresso da ex-primeira-ministra após o exílio, em 18 de Outubro, quando dois homens-bomba mataram 139 pessoas.

Nessa altura, Bhutto prometeu lutar contra qualquer ditadura no país e foi ameaçada de morte por grupos radicais islâmicos, tendo acusado os partidários do antigo regime militar do general Mohamad Zia-ul-Haq de terem fomentado o atentado: “Sei exactamente quem me quer matar. São os dignitários do antigo regime do general Zia que hoje em dia estão por detrás do extremismo e do fanatismo», afirmou então.

Duas vezes primeira-ministra (1988-1990 e 1993-1996), Benzir Bhutto (54 anos) liderava o Partido do Povo Paquistanês (PPP) e tinha regressado em Outubro ao Paquistão, oito anos depois de ser ter exilido no Dubai para escapar a um processo por alegado desvio de fundos públicos, movido depois do golpe militar que levou ao poder o actual presidente, Pervez Musharraf.

Estados Unidos e Rússia condenaram imediatamente o atentado. O porta-voz do departamento de Estado norte-americano, Tom Casey, declarou que “Obviamente que condenamos o ataque, que mostra que existem pessoas lá fora a tentar prejudicar a construção da democracia no Paquistão”. Na mesma linha, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Kamynin, afirmou que “Condenamos firmemente este acto terrorista, expressamos as nossas condolências aos familiares de Benazir Bhutto e esperamos que o governo paquistanês tome todas as medidas necessárias para garantir a estabilidade no país».

Apesar de ainda não haver informações confirmadas sobre a autoria do atentado, apoiantes de Bhutto gritavam na porta do hospital "Musharraf, cão!", referindo-se ao actual presidente do país. Também no tiroteio verificado no comício de Nawaz Sharif, em Islamabad, há suspeitas de que os disparos iniciais tenham vindo de um edifício onde funciona o partido que apoia Musharraf. Com este incidente, agrava-se a instabilidade política num país que é uma das principais potências nucleares do planeta e onde é crescente a contestação popular ao regime.

Leia mais no dossier O Mundo em 2007:

Paquistão: a sublevação dos advogados

Termos relacionados Internacional