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Banca pagou mais 13% aos administradores

Relatório da CMVM denuncia falta de transparência na divulgação das remunerações dos altos quadros empresariais portuguesesEm 2008, a crise veio abalar o sistema financeiro, mas não os salários dos administradores executivos. Em média, cada um ganhou cerca de 700 mil euros no ano passado.

 

No ano em que o Estado português teve de dar o seu aval, com o dinheiro dos contribuintes, para os bancos superarem as dificuldades em se financiarem no exterior, a realidade no conforto dos gabinetes era bem diferente. Segundo dados divulgados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, as remunerações dos membros das Comissões Executivas e dos Conselhos de Administração exclusivamente executivos dispararam quando a actividade no sector afundava.

Em 2008, cada um destes administradores levou para casa, em média, cerca de 698 mil euros. Mais de metade deste valor foi pago a coberto de bónus como prémios de desempenho e outras forma de remuneração variável. Comparando com o ano anterior, antes da chegada dos efeitos da crise financeira, estes salários aumentaram 13%, aumentando assim a diferença para os cargos equivalentes nas empresas do sector não financeiro que mesmo assim subiu 7% para cerca de 572 mil euros por administrador.

Os números são feitos pela média de cada Conselho de Administração e a CMVM diz que em média o administrador mais bem pago ganha 2,8 vezes mais que o seu colega no fundo da tabela salarial.

Estes valores não incluem as chamadas "responsabilidades de médio e longo prazo", ou seja, os benefícios de reforma a que terão direito os administradores na hora da saída. Mais uma vez, o sector financeiro destaca-se por pagar 4,3 vezes mais que a média das sociedades cotadas do sector não-financeiro. Usando o exemplo dos administradores já referidos, a banca compromete-se, em média, com 20 milhões de euros para o seu conforto futuro.

Neste relatório anual sobre o Governo das Sociedades Cotadas em Portugal, a CMVM chama a atenção para a falta de independência dos membros das comissões de vencimentos em relação aos membros das comissões executivas da mesma sociedade. Por exemplo, "nas comissões de vencimentos do Banif, da Glintt, da Media Capital e da Mota-Engil apenas 1/3 dos elementos são independentes face aos membros do órgão de administração e em 5 empresas (BPI, EDP Renováveis, Estoril Sol, Finibanco e Sumol+Compal) nenhum dos membros o é", diz o relatório.

A CMVM volta a lembrar às empresas a sua recomendação para que divulguem a remuneração dos membros dos órgãos de administração e de fiscalização em termos individuais. "Não obstante, apenas a Papelaria Fernandes, a Novabase e a Grão Pará procedem à divulgação da remuneração dos membros dos órgãos de administração e fiscalização em termos individuais, o que já acontecia também em 2007", acrescenta o relatório.

 

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