You are here

António Mexia diz que fez por merecer os 3,1 milhões

Empresa do Estado pagou 3,1 milhões a António Mexia em 2009. Foto LusaO presidente da EDP responde às críticas, dizendo que não ganha "nem de longe nem de perto o ordenado mais alto do PSI20". A empresa quer cortar nos prémios anuais para aumentar os bónus plurianuais.

António Mexia afirma que o valor recebido em 2009 em prémios é justificado porque "o que está em causa é que ultrapassámos os objectivos definidos em 2006, 2007 e 2008. Foram definidos objectivos ambiciosos e difíceis de atingir para a maioria das pessoas e que foram ultrapassados".

"Se não tivéssemos atingido esses objectivos, a pergunta nem se colocaria, e isso é que é pena", disse ainda o presidente da EDP, acrescentando que "as pessoas devem ser confrontadas quando não conseguem entregar aos accionistas o que é suposto e não quando entregam muito mais do que é suposto".

As declarações de Mexia surgem na sequência do escândalo causado pela sua remuneração à frente duma empresa onde o Estado é o principal accionista, numa altura em que o governo propõe medidas de austeridade para os mais pobres.

O deputado socialista António José Seguro considerou "obscenos" os rendimentos recebidos por Mexia. "Em fase de enormes dificuldades e de exigência de sacrifícios aos portugueses, é incompreensível como se atingem estes valores remuneratórios. É uma imoralidade!", exclamou Seguro, lembrando que a EDP é a empresa mais endividada do mercado de capitais português com 14,007 mil milhões de euros (mais 117 milhões do que em 2008).

Também o secretário de Estado da Energia e Inovação, Carlos Zorrinho, defendeu esta terça-feira que "num momento de crise como este que estamos a viver, se deve repensar, de forma global, como são estabelecidas as remunerações" destes administradores, escusando-se a comentar o caso de Mexia, que estava ao seu lado a apresentar o projecto InovCity em Évora, juntamente com o primeiro-ministro José Sócrates.

Tirando a passagem pelo Grupo Espírito Santo, António Mexia fez toda a sua carreira nos negócios em empresas com participação estatal, muitas vezes por nomeação política, para além de ter participado nos governos de Cavaco Silva e Santana Lopes. No entanto, Mexia assume-se como um liberal e foi um dos promotores da iniciativa "Compromisso Portugal", que defendia justamente a saída do Estado do capital das empresas onde ainda se mantém.

Na sua mensagem aos membros do Compromisso Portugal, Mexia defendeu que a "ambição que é hoje obrigatória para Portugal" exige "sacrifícios no curto prazo por forma a obter vantagens no médio prazo, devendo esta geração evitar carregar inutilmente as próximas".

"Temos que aprender a dar mais e a pedir menos", aconselhava o então presidente da Comissão Executiva da GALP Energia, ainda antes de aceitar o convite de Santana Lopes para entrar no governo. Quando o governo caiu, foi a vez de Mexia convidar Santana para o cargo de assessor jurídico na EDP.

Termos relacionados Sociedade