A coordenadora do Bloco de Esquerda do Algarve denunciou a "operação de propaganda" levada a cabo este fim de semana pelo primeiro ministro José Sócrates, que apresentou dez novos projectos turístiscos de luxo para aquela região, todos considerados Projectos de Interesse Nacional (PIN). O BE acusa o governo de "ludribiar" o Plano Regional de Ordenamento, de aumentar a dependência económica do Algarve em relação ao turismo e de desprezar a vertente ecológica da região.
Veja aqui o comunicado do BE - Algarve.
A coordenadora do Algarve do Bloco de Esquerda defendeu hoje que a "acelerada aprovação" de Projectos de Interesse Nacional (PIN), como aqueles apresentados no fim-de-semana no Algarve pelo primeiro-ministro, pretendem "ludibriar" o Plano Regional de Ordenamento. "Esta acelerada aprovação de projectos pretende com evidência ludibriar o PROTAL, cujas orientações entram em vigor a partir do próximo ano e que define limites regionais para a instalação de camas turísticas, sujeitas a processos de concurso", afirmam, em comunicado.
Segundo o BE, os projectos que Sócrates apresentou "não são considerados para esses limites", "dispensam" os concursos e "dificilmente seriam viáveis" se o Plano Regional de Ordenamento, aprovado em Conselho de Ministros em Maio, já estivesse em vigor.
O Bloco acusa ainda o primeiro-ministro de ter vindo à Região "em missão de propaganda" com uma agenda "quase secreta" para evitar contestações populares e não para discutir e tratar de problemas locais.
Sobre os anúncios do primeiro-ministro, o BE considera que "estes novos projectos trazem mais estrelas à hotelaria do Algarve mas não é certo que ajudem a desenvolver mais serviços de base regional". O BE entende que estes projectos alimentam a dependência da economia do Algarve em relação ao turismo: "A trágica estratégia de desenvolvimento regional que o PS tem implementado no Algarve faz com que o aparecimento destes novos projectos agrave a dependência externa da Região nas áreas alimentar e da energia".
O BE acusa ainda o primeiro ministro de nada fazer "em relação às áreas ecológicas protegidas na região" que foram "deixadas ao abandono por falta de meios materiais e humanos" e que estão "muito longe de constituírem alternativas que ajudem a diferenciar a oferta turística regional". "Sócrates visitou obras (como a Barragem de Odelouca) e anunciou mais (como o Hospital Central), mas não falou das ETAR em falta na região, nas descargas de águas residuais em rios e ribeiras ou na falta de uma rede de serviços domiciliários de saúde" - pode ler-se no comunicado.