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25 de Abril com chuva de críticas a Cavaco Silva

Cortejo do Bloco na manifestação em Lisboa. Foto Gustavo Sugahara

Tal como no ano passado, a sessão solene dos 34 anos do 25 de Abril ficou marcada pelas críticas de Cavaco, desta vez ao alheamento dos jovens em relação à democracia, responsabilizando os partidos políticos por esta realidade. Mas as respostas não tardaram. Logo no fim da sessão, Francisco Louçã e Vasco Lourenço lamentaram que a preocupação presidencial com os critérios de democracia não tivesse acontecido uma semana antes, durante a visita à Madeira. Veja aqui as fotos da manifestação popular do 25 de Abril em Lisboa.

Já durante a manifestação popular que voltou a encher a Avenida da Liberdade, Luís Fazenda começou por apontar a presença da juventude no desfile para também se referir ao discurso de Cavaco. "O presidente da República não tem autoridade política para reclamar da falta de participação dos cidadãos", disse o líder parlamentar do Bloco, recordando que Cavaco foi um dos responsáveis por não ter existido nenhum referendo sobre a construção europeia em Portugal. "Essa seria uma boa oportunidade para os jovens participarem no debate político e nas decisões sobre o seu futuro".

As reacções negativas ao discurso presidencial começaram mal acabou a sessão solene. O presidente da Associação 25 de Abril disse que Cavaco fez uma "figura triste", referindo-se ao silêncio do presidente quanto ao facto de Jardim ter impedido a realização da habitual sessão solene no órgão máximo de soberania regional - a Assembleia Legislativa da Madeira -, apelidando os eleitos da oposição de "bando de loucos".

Quanto à preocupação manifestada pelo presidente da República com o afastamento dos jovens da política, baseando-se num estudo que encomendou à Universidade Católica, Francisco Louçã lembrou a relação conflituosa de Cavaco, enquanto primeiro-ministro, com a juventude de então. "Não há hoje políticas que promovam a participação política dos jovens", afirmou Louçã, dizendo que "sobre os jovens, o que não é preciso é qualquer paternalismo ou chorar lágrimas de crocodilo”.

Não é a primeira vez que as críticas de Cavaco em relação à política vêm à tona nas sessões do 25 de Abril. No ano passado, mostrou insatisfação com o modelo das comemorações. Vasco Lourenço comparou essas palavras de Cavaco em 2007 com o discurso deste ano: "Acho que é muito positivo mas é preciso passar das palavras às obras. Porque o ano passado fez um apelo para que se alterasse o tipo de comemorações e ele próprio não fez nada”, afirmou o tenente-coronel.

Ainda antes de Cavaco proferir a sua inquietação com o resultado da sondagem, já a participação dos jovens na política era um dos temas abordados pelo deputado bloquista José Soeiro, na sua intervenção na sessão solene. Soeiro criticou o modelo de gestão escolar recentemente promulgado por Cavaco e que retira aos estudantes o poder de participação nas decisões da escola. "Se pedirmos a professores e alunos para se demitirem de participar na gestão das escolas, não nos admiremos que se demitam também da gestão do país. A cidadania não se estuda para um teste, aprende-se exercendo-a, na escola desde logo", afirmou o deputado mais jovem do parlamento.

José Soeiro acusou também os sucessivos governos de voltarem costas à juventude. "A minha geração, a geração dos 500 euros, vive na corda bamba, congelada pela precariedade. É uma geração em relação à qual os Governos têm virado as costas. A precariedade foi-nos imposta como modo de vida: nenhuns direitos, nenhuma capacidade de projectar um futuro, nenhuma garantia de respeito, nenhuma certeza de emancipação", disse o deputado.

"Na política, como na vida, nós somos o que fazemos. Mas somos sobretudo o que fazemos para mudar o que somos. E se há uma coisa que o 25 de Abril nos ensina é que é sempre possível mudar tudo", concluiu José Soeiro, numa intervenção que pode ser lida aqui .

 


Fotografias de Gustavo Sugahara (clique para ampliar)

 

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