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10 coisas que devemos saber sobre 'compensação' com árvores

Os créditos de carbono de plantação de árvores são um falso remédio climáticoAcha que plantar árvores é uma forma de compensar os danos na atmosfera por emissões de CO2? Pois é falso, leia aqui porquê. Artigo de Jutta Kill

 

 

1. O carbono nas árvores é temporário: As árvores fornecem armazenamento temporário de carbono como parte do ciclo normal de trocas de carbono entre as florestas e a atmosfera. As árvores podem facilmente libertar carbono para a atmosfera por incêndio, doenças, alterações climáticas, decomposição natural e abate para lenha.

2. Via dum só sentido: A libertação de carbono fóssil em contraste, é permanente e, em escalas de tempo relevantes, acelerará as mudanças climáticas ao aumentar a quantidade total de carbono na atmosfera - a causa precisamente das alterações climáticas de hoje. Os combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás estão encerrados e o seu carbono é apenas libertado quando os humanos escavam e os queimam para energia. Uma vez libertados, tornam-se parte da quantia em jogo activa de carbono, quebrando o ciclo natural.

3. Crédito falso: Os créditos de carbono a partir da plantação de árvores defendem que o carbono armazenado temporariamente em plantações de árvores pode justificar as libertações permanentes de carbono fóssil para a atmosfera sem qualquer dano para o clima.

4. Pé-Grande (Big-Foot): Os créditos de carbono a partir de plantações de árvores aumentam a dívida ecológica do Norte global. Quanto mais combustíveis fósseis um país do Norte consumir, mais terra tem o direito de usar para 'compensar' as suas emissões. Isto é injusto e aumenta a pegada ecológica já elevada do Norte.

5. Subsídios para mega-plantações: Os créditos de carbono de plantações de árvores mantêm-se para fornecer um novo subsídio para as indústrias de plantações. Plantações de grande escala têm uma lista longa de impactes negativos nas florestas e nos povos das florestas e muitas vezes exacerbam disputas locais por terras e violência.

6. As comunidades sofrem a dobrar: Primeiro, as alterações climáticas afectam os meios de vida dos povos da floresta e das comunidades rurais através de crescentes secas, inundações, incêndios florestais e desflorestação. Segundo, os créditos de carbono de plantações de árvores promovem a expansão de plantações de árvores de grande escala a que os povos indígenas e as comunidades que dependem da floresta se opõem em muitas partes do mundo.

7. Bomba-relógio: Evitar alterações climáticas requer reduções drásticas nas emissões de gases de efeito de estufa de combustíveis fósseis. As compensações, por outro lado, permitem que as emissões continuem sob a falsa premissa de que foram 'neutralizadas'. Isto apenas mascara a crise real e condena as gerações futuras a viver com menos opções e piores condições.

8. Fraude florestal: As florestas desempenham um papel vital no armazenamento do carbono e servem de pára-choques para ocorrências de grandes temporais. Mas ligar o restauro da floresta a créditos de carbono é um beco sem saída tanto para os povos da floresta como para o clima. Parar a crise da floresta requer acção contra as causas subjacentes da desflorestação, não mais carbono fóssil na atmosfera nem mais de plantações de árvores em monocultura a ocupar a terra necessária às comunidades locais.

9. Adivinha às cegas: Medir o carbono nas florestas está carregado de incertezas. Os cientistas descobriram que as estimativas do balanço de carbono nas florestas canadianas pode variar em 1000 por cento se factores aparentemente pequenos, como acrescidos níveis de CO2 atmosférico, forem tidos em conta.

10. Os créditos de carbono de plantação de árvores são um falso remédio climático!

 

 


Tradução de New Internationalist, Julho de 2006, texto de Jutta Kill, activista da floresta do grupo ambientalista europeu FERN. Tradução de Paula Sequeiros.

 

 

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