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“Ataque especulativo ao euro”

O Bloco de Esquerda entende que as agências de rating estão «a servir para um ataque especulativo ao euro», o que exige de Portugal e da União Europeia «políticas concertadas» de combate à crise, afirmou o deputado José Gusmão.O Bloco de Esquerda entende que as agências de rating estão «a servir para um ataque especulativo ao euro» e defende a «criação de uma agência de rating europeia pública» porque estes ataques irão continuar enquanto não houver medidas coordenadas, disse o deputado José Gusmão.

Esta quarta-feira, com todos os títulos no vermelho, a bolsa de Lisboa tem vindo a afundar-se cada vez mais desde a abertura do mercado. Já perde quase 6 por cento, todos os títulos arrastam o PSI-20 para uma queda de 5,77 por cento. O sector financeiro é dos que mais penaliza o índice nacional. O BCP, o BPI e o BES registam quedas entre os 6 e os 8 por cento. A pressão é semelhante nos principais mercados europeus. Madrid perde cerca de 3 por cento. Londres, Frankfurt e Paris desvalorizam quase 2 por cento.

Esta é a situação que sucede os acontecimentos desta terça-feira, quando a Standard & Poor's baixou o rating da dívida da república portuguesa, de A+ para A-, e reviu igualmente em baixo a notação da CGD para A-, cortando também os ratings'dos principais bancos em Portugal, entre os quais se conta o BPI e o BES, para A-, respectivamente. Já o BCP viu a sua notação descer de AA- para BBB+.

O euro desvalorizou-se face ao dólar e atingiu o mínimo de Abril de 2009, as bolsas de Lisboa e Atenas voltaram a cair fortemente e a perspectiva da dívida pública portuguesa mantém-se negativa.

O deputado Bloco de Esquerda José Gusmão afirmou que este «ataque especulativo» está «nesta fase» focado na dívida pública portuguesa, o que «exige de Portugal e da UE políticas concertadas contra à crise, que promovam o crescimento e a criação de emprego».

Para José Gusmão, estes aspectos são «a única condição para a sustentabilidade das contas públicas no médio prazo», disse em declarações à Lusa.

O Bloco defende ainda a «criação de uma agência de rating europeia pública», que «é a única forma de a UE se defender de ataques especulativos que irão continuar enquanto não houver medidas coordenadas ao nível da UE a este respeito», argumentou José Gusmão.

Já o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, considerou, esta terça-feira, que «o país tem de responder a este ataque dos mercados», acrescentando que «é tempo de o Governo e de os partidos, em especial o PSD, se entenderem quanto a isto: há que executar as medidas necessárias».

Num comentário a estas afirmações do ministro das Finanças, o deputado bloquista «presumiu» que Teixeira dos Santos «queira dizer ao país que todos os partidos se devem unir em torno das políticas do Programa de Estabilidade e Crescimento [PEC]», um apelo a que o Bloco não vai responder.

«Ora, isso nós não iremos fazer, por um motivo muito simples: é que as políticas do PEC agravam a crise, agravam a situação das contas públicas, agravam o problema do crescimento e do desemprego, que é, para nós, um problema fundamental», explicou o deputado que garante que isto não quer dizer que o Bloco não tenha «toda a solidariedade para com a economia portuguesa e para com o país perante esses ataques especulativos».

Esta «solidariedade» expressa-se na proposta que o Bloco apresentou na Mesa da Assembleia da República para a criação da agência europeia de rating, que José Gusmão espera que reúna o apoio de «todos os partidos».

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