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Achei muito assertivo o artigo em que evoca a memória do seu Pai e respeito a "carga" que a guerra colonial teve (ainda tem) na sua vida Discordo, porém das suas conclusões quanto ao racismo e a sua abrangência que vislumbra na atual sociedade portuguesa. Eu nasci em África, vim para o Continente com três anos, órfão de Mãe aos 17 meses. Meu pai ficou em Angola até 1975. Branco foi explorado pelos seus patrões brancos, ele que não tinha a quarta classe e nem teve consciência disso. Mas foi. A guerra colonial foi uma fatalidade que se abateu sobre Portugal, exatamente, porque intrinsicamente não somos racistas, enquanto povo. Temos evidentes provas históricas da nossa miscigenação por esse mundo fora. Eu compreendo o seu drama e sobretudo o do seu Pai. Muita gente morreu, ficou estropiado e cometeu horrores inerentes ao conflito colonial. Em todas as guerras isso acontece e não há nenhuma guerra que seja justa e todas elas trazem dramas intimos, pessoais e familiares da mais diversa índole. O seu é mais um exemplo e não lhe retiro o dramatismo com que o vive. Mas o ser humano é generoso e não tire conclusões apressadas. Racistas há muitos no mundo inteiro, devem ser combatidos, mas não com a linguagem do ódio, nem com o sentimento de vingança. Eu sei que V. é capaz disso. Mesmo em memória do seu Pai. Eu sou casado com uma médica negra, e alguns dos meus melhores amigos são africanos. Cumprimentos
solidários