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Para quem conhece algo por dentro a realidade deste tipo de instituições (lares, centros de dia, apoio domiciliário...), sobretudo se situadas no interior, não duvida de que, com o progressivo afastamento dos serviços públicos e dos "serviços essenciais", os lares prestam, objectivamente, um serviço público. E, portanto, a perspectiva de uma rede pública de lares não lhe pode deixar de lhes ser pertinente.
Aliás, ainda que podendo parecer forçada a amplitude desta projecção conceptual, não custa admitir que os lares respondem a questões (também) de saúde (e muito mais na definição ampla que a Organização Mundial de Saúde dá a este conceito). De saúde pública. E portanto, de facto (ainda que não formalmente), a questões que se integram (também) na missão do Serviço Nacional de Saúde.
Assim, algo de fundo a acentuar neste domínio é o de quanto há necessidade de reflectir, perspectivar e, sobretudo, (re)agir publicamente (social, administrativa, financeira e politicamente) à situação que o actual contexto de saúde pública fez (dramaticamente) vir mais a público.
Para além do conteúdo do artigo, uma vertente a considerar neste domínio é o de quanto este tipo de instituições ainda dependem muito de donativos e do voluntariado, o que decorre, justamente, de menor efectiva assumpção pública, pelo Estado (promotor, sustentador, regulador e fiscalizador).
Ou seja, de (ainda?) não se ter como horizonte (mesmo que sendo para já “utopia”, citando Eduardo Galeano) estes estabelecimentos se inserirem e constituírem uma rede pública de lares, em conjugação com outras respostas com suporte e enquadramento efectivamente público, nomeadamente, por exemplo, a dos “cuidadores informais”.
Um outro aspecto a ter em conta é o de que, em regra, dependerem muito de donativos e voluntariado.
E o de a sua administração e fiscalização dependerem muito da abnegação e espírito de solidariedade pessoal e social (não se garante que não haja alguns casos - aliás, alguns publicamente conhecidos - de perversas degenerações disso para, como o autor do artigo refere, o aproveitamento económico, pessoal e politiqueiro de alguns ou algumas pessoas), de todos os elementos dos órgãos sociais (e nomeadamente do órgão executivo, a Direcção), visto não serem (nem, em regra, aceitarem ser) remunerados.
E, daí, não poder haver uma gestão profissionalizada (muito embora, regulamentarmente, tenha que haver um director-técnico), não obstante o esforço pessoal e familiar que tal implica para esses dirigentes.
Até porque, por falta de jovens interessados ou dispostos a assumir essas responsabilidades, quase todos os dirigentes também já são de avançada idade (alguns tão ou mais do que os utentes, por regra, reformados) e, mesmo nessa condição, têm que, de mandato para mandato, por impossibilidade de substituição, "aguentar" as instituições