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É impressionante a indignação da maioria dos comentadores aqui.

O alojamento local (Airbnb, Homeaway, etc..) já é limitado ou proibido na maioria das cidades médias e grandes. Berlin, Barcelona, Amesterdão, Paris, Valência, Palma de Maiorca, Londres, etc....

Em Portugal não há qualquer limite para o alojamento local nas cidades. E aí somos nós a excepção na Europa. E isto tem sido uma coisa boa… Lisboa e o Porto eram das cidades com mais prédios destruídos e não habitáveis na Europa e o boom turístico e o alojamento local veio reabilitar muitos edifícios. O que é excelente.

Repito, é excelente que se estejam a reabilitar os prédios nos centros de Lisboa e Porto devido ao boom turistico, devido ao alojamento local ser completamente legal e devido á falta de obstáculos ao investimento estrangeiro (vistos dourados). Se isto foi o necessário para que os propriétários perdessem o medo de investir nas nossas cidades, tudo bem.

Agora que esta situação não é sustentável a médio ou longo-prazo, tem que se admitir. Lisboa e Porto não podem ser Disneylands para turistas. Ou seja, o problema não é alojamento local. O problema é o alojamento local sem limites. O alojamento local sem limites torna as cidades completamente dependentes do turismo.


Há muitos estudos sobre o lado negativo de países que dependem do turismo. E pior é se os lugares forem importantes para outras coisas. Como por exemplo… a economia de um país. Vender as nossas únicas duas grandes cidades para os turistas não é bem pensado. As cidades são um privilégio. Sempre foram durante milhares de anos lugares de distribuição de riqueza e poder. Temos que pensá-las para isto e não para serem museus. As cidades são os bastiões das oportunidades. Não são só parques de diversões.

As pessoas têm que puder viver nas cidades e não só passar curtas férias.

Ou seja, precisamos de um meio-termo nas nossas grandes cidades, Lisboa e Porto. Hoje, já não há oferta de apartamentos suficiente para quem quer viver e trabalhar nestas cidades. São as nossas cidades e os corações da nossa economia e cultura. Tem que haver um equílibrio entre turismo e tudo o resto. As pessoas têm que puder viver nas cidades e não só passar férias. Para isso tem que haver limites. E a melhor maneira é limitar o alojamento local.

E não conta dizer que:

1) "Posso fazer o que quiser com o meu apartamento no centro da cidade."

Não, não pode. Se quiser fazer o que quiser, compre uma quinta no meio do Alentejo. Aí pode rentabilizar á vontade. Uma cidade é de todos, é uma comunidade. Todos têm que contribuir para viver em comunidade. O turismo em excesso é mau para as cidades médias e grandes.

2) "É a minha única possibilidade de alimentar os meus filhos"

Isto é pura hipocrisia. Uma pessoa que é proprietária de um apartamento no centro de uma cidade não é um coitado sem escolhas. Tem muito mais oportunidades do que a maioria. A verdade é que o alojamento local em Lisboa e Porto é uma maneira de fazer muito dinheiro e quem o faz quer continuar, fechando os olhos ás consequências. Sejam criativos e inteligentes, o mundo está cheio de oportunidades. E lembrem-se que vocês são os privilegiados. As cidades são um privilégio.


3) “Proibindo o alojamento local, o dinheiro vai para os grandes investidores”.
Não, se nós não quisermos. As leis têm que ser bem pensadas.


Obrigado por ler.