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O artigo do BE tem razão-parcial na medida em que foi um RBI-parcial que vingou como modelo consensual de experiência-piloto.
também é uma critica pouco genuína porque não vimos o BE a lutar por nenhuma versão soft ou radical.

Além disso o artigo tem também um fundamento parcial já que se baseia em dados que contribuíram para a reflexão, não exatamente sobre dados finais. E só é parcialmente honesto ao confundir maliciosamente duas coisas muito distintas: um projeto de RBI (ideal) com um projeto de teste piloto (possível).

Os constrangimentos devem ser tidos em conta. São políticos, económicos, culturais, jurídicos, constitucionais, operacionais e administrativos. A decisão era: vamos esperar (sentados) por um alinhamento das condições perfeitas (por exemplo só em 2019 novo quadro fiscal oferece melhores instrumentos) ou vamos arrancar JÁ com o que temos?

O que responderias?

O último tópico do relatório da Tesla de 2016 resume o quadro das dificuldades. Vejamos algumas:

►Contexto de Austeridade (sim, a euro-estagnação também chega à Finlândia).
►Governo de Juha Sipilä é uma coligação de três partidos de centro-direita que exige equilíbrios frágeis.
►Os Verdes (os primeiros a falarem no projeto-piloto) e a esquerda (coligados no governo anterior), demarcam-se em certa medida para assumirem o seu papel de oposição.
►Pesquisas de opinião revelam amplo apoio popular (69%), que tende todavia a enfraquecer quando se fala de esforços.
►Ética do trabalho ainda é um sentimento predominante como traço comum da cultura ocidental. Finlândia (ainda?) não é exceção.
►Finlândia enfrenta um déficit persistente de recursos humanos que explica a prioridade dada aos incentivos ao trabalho.
►Orçamento para a experiência é limitado a € 20 milhões ( e ainda inclui custos administrativos).
►Existe pressão sobre o cumprimento do objetivo de 'custo-neutro' (condição de não agravamento orçamental).
►Amostra de voluntários seria dispersa e enviesada (risco de atrair só quem mais beneficiaria).
►Amostra selecionada (desempregados) exigiu aval constitucional (exceção ao principio de igualdade).
►Amostra constituída pelos "já inscritos" facilitará monitorização pelos serviços (Kela).
►Concentrar o teste um só modelo ambivalente oferece dados mais fiáveis que um dispositivo disperso em quatro modelos distintos.
►O modelo optado (RBI-parcial) é o mais equidistante aos restantes modelos permitindo testar princípios comuns: RBI-pleno, Imposto Negativo (flutua com rendimentos) e "RBI ativo" (condição de atividade).
►RBI-pleno exigiria reduzir a amostra para caber no orçamento previsto. Os restantes modelos exigiriam controlo burocrático e administração mensal de rendimentos (dispositivo só em vigor em 2019 com o novo sistema "Gentax").
►RBI-parcial todavia salvaguarda (parcialmente) o principio fundamental de "concessão de confiança incondicional".
►RBI isento de impostos implicaria a implementação um sistema fiscal de exceção encarecendo o projeto de 500.000 euros.
►Necessidade de conciliar posições criticas opostas (por exemplo quanto à amostra muito distorcida, pequena...etc. ou ainda aos custos "escandalosamente grande" para uns, "vergonhosamente pobre" para outros).

O projeto experimental adotado serve portanto a ideia consensual de UM BOM PONTO DE PARTIDA.
É igualmente positivamente expansível e replicável num breve prazo mesmo se domina um sentimento apreensivo generalizado
(por razões opostas!).

Assim, a tua posição, Mar é a de muitos. Mas uma decisão impunha-se: uma atitude destemida de "pé na porta", ou arriscar perder a janela de oportunidade. Creio que cabe agora à opinião pública acompanhar atentamente e criticamente o que poderá vir a ser o primeiro passo para o RBI no espaço europeu.

Mas o mundo nunca se fez com profetas da desgraça..