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Não acho as perguntas muito válidas. Ele diz:

1 - A tecnologia destrói empregos mas também cria novos. O saldo será positivo ou negativo?

E como exemplo de empregos que são criados diz: " operadores de drones, programadores de robots, programadores de sistema Android, etc. "

Não faz sentido. Olhe-se para as estatísticas. A agricultura ocupa 1% da mão-de-obra no RU e ocupava 80% ou mais antes da revolução industrial. O mesmo se aplica a toda a indústria. O sector dos serviços está a crescer há décadas e já dá ocupação à vasta maioria da população. São empregos criados pelo emprego em si, não pela utilidade ou livre escolha de quem os pratica e referências não faltam.

Operadores de drones? Os carros vão deixar de precisar de condutor mas vai haver milhões de drones a precisar de operadores? Parece-me dúbio. Programadores? Vamos precisar de quantos? Quando o software é programado pode ser replicado infinitamente.

2 - Mas se o emprego escasseia, o que devíamos fazer era reduzir o horário de trabalho, e era isto que devia estar em debate!

Sem dúvida mas isto deve ser feito por decreto? Obrigar todos a trabalhar menos para que haja emprego? Ou deve ser deixado ao critério de quem trabalha? E o RBI não se trata só de permitir a cada um viver dignamente sem trabalhar, trata-se também de permitir a cada um fazer o trabalho que quiser. O escritor desse artigo parece querer manter a hierarquia associada ao trabalho.

3 - sabendo nós como o sistema funciona, não haveria grandes dúvidas que a atribuição do RBI funcionaria como um compressor de salários principalmente para aquele segmento mais vulnerável da população (com mais dificuldade de empregabilidade) que seria o segmento que supostamente o RBI queria tirar da pobreza

Todos seriam tirados da pobreza pelo RBI. Poder não trabalhar obrigaria os empregadores a melhorar as condições e os salários.

4 - além de que uma injecção tão grande de dinheiro na economia criaria uma pressão inflacionista que limitaria em muito o propósito da iniciativa.

Isto é falso. A inflação é um problema. No entanto, o pleno emprego em que todos recebem o suficiente para viver CRIARIA EXACTAMENTE O MESMO PROBLEMA da inflação dos bens de primeira necessidade.

5 - creio também que um dos propósitos do RBI seja o de evitar revoltas sociais decorrentes de níveis de desemprego inaceitáveis para a sociedade

Acho que o RBI, pelo contrário, permitiria a muita gente ter uma voz que agora não tem. Não há comunidades, não há revolta social, não há um povo que escolhe o seu destino porque estão todos ocupados a trabalhar, exaustos, receosos de perder o emprego, em constante competição uns com os outros e tudo isso mudaria com o RBI.

6 - A outra questão que me inquieta sobre o RBI é a substituição dos sistemas de segurança social pelo RBI.

O autor dá como exemplo: " Por exemplo perante uma situação de doença mais grave rapidamente as pessoas percebiam que a prestação do RBI não dava para dois dias de internamento no hospital. "

Isto penso que é uma falácia lógica chamada "homem de palha". Nunca ouvi um defensor do RBI dizer que todos ficaríamos libertos da necessidade de trabalhar a não ser para ter cuidados médicos. A saúde está incluída no "básico" de RBI.

Em suma, parece-me a típica argumentação da esquerda sebastianista que acha que a revolução final está aí à porta que vai criar uma utopia que já no século XX era antiquada.