You are here

Add new comment

Pior ainda que só as empresas privadas a utilizarem esta estratégia, é sabermos que são os próprios organismos estatais que recorrem a trabalhadores temporários, apoiando-se em floreados de denominações como "estágios" e afins. Sabemos que os estágios são (ou deveriam ser) o primeiro passo de uma carreira, muitas vezes com uma remuneração mais baixa, mas seguida naturalmente de um emprego a sério, com remuneração e condições adequadas à formação profissional do indivíduo. No entanto, tal não acontece. Estagiário tornou-se somente um outro nome, diga-se mais "politicamente correcto" para definir o trabalhador temporário e/ou precário. E a alimentar esta máquina estão os milhares de desempregados e jovens saídos das faculdades que desesperam por salário e o tão falado currículo. Assim, muitas empresas aproveitam-se deste aspecto, no fundo, aproveitam-se claramente de uma panóplia e imensidão de recursos muitas vezes altamente qualificados disponíveis a preço de saldos. Nada de novo até aqui, mas não obstante, no mínimo, aterrador. Sai um estagiário, e entra outro, e por aí fora.
O trabalho temporário espalhou-se como uma praga de exploração de uma dimensão assustadora e aparentemente incontrolável, pois se o " vizinho de cima" adopta esta táctica, também outras o fazem. Quem vai pagar 600 euros a um indivíduo com um curso profissional com o 12º ano se o podem ter por 400 ou 300 (abaixo do salário mínimo, muitas vezes...) ou quem vai contratar um licenciado por 1000 euros, se os podem ter por 500 euros? E por aí adiante. A forma de parar isto e restituir a dignidade ao trabalhador, rapidamente? Não sei, parece que é algo cada vez mais distante, quase ao nível da utopia.